Sempre presentes nas lutas por direitos, as mulheres foram e são muitas vezes discriminadas nas atividades sindicais. A superação dessa realidade é uma luta de todos os dias, afirma a presidenta da APP, Walkiria Mazeto, em entrevista à revista Mátria 2023, publicada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).
“Isso é uma desconstrução diária, que a gente precisa fazer. As mulheres precisam estar nos cargos de poder, mas também defender um projeto de superação do machismo estrutural. E precisam defender um projeto popular, porque se não vão reproduzir a opressão, machismo e tudo que a gente vive no dia a dia”, diz Walkiria na matéria.
O texto tem o título “Paridade – A luta permanente pela igualdade entre mulheres e homens” e entrevistou outras lideranças, como a deputada estadual (PT-SP) Professora Bebel; e a presidenta do Sindicato dos Servidores Públicos em Educação no Amapá, Katia Cilene de Mendonça Almeida.
A página final da matéria tem fotos e nomes de 69 lideranças sindicais femininas de todo o Brasil, inclusive a secretária de Assuntos Jurídicos da APP e vice-presidenta da CNTE, Marlei Fernandes.
Outras duas educadoras do Paraná estão na lista: Karoline Miranda do Rosário e Priscila Guedes da Luz, respectivamente presidenta e coordenadora geral do Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Paranaguá.
A reportagem registra que, apesar dos avanços, o machismo estrutural ainda é praticado dentro das estruturas sindicais. “Culturalmente, é construído na população que o lugar de poder é um lugar masculino. E a gente vai vendo isso desde a direção da escola. Se tiver um homem competindo à direção, ele sempre ganha. Como se nós mulheres não tivéssemos a condição de fazer gestão das nossas escolas. E assim acontece no processo sindical”, afirma Walkiria.
Em 75 anos de história, a APP tem agora sua terceira presidenta, destaca a Mátria. A atual direção do Sindicato é composta por 16 mulheres e oito homens. Walkiria lamenta que, mesmo ocupando espaços de poder, as mulheres precisem ser respaldadas pela opinião masculina, seja no sindicato, seja em negociações com o Executivo e o Judiciário.
De fato, muitas vezes as mulheres foram e são invisibilizadas nos espaços sindicais. “A história do sindicalismo brasileiro sempre privilegiou a participação masculina nos espaços de poder e de decisão. A invisibilidade das mulheres, nas imagens e nas escritas históricas dos direitos conquistados pelos sindicatos, é fruto da desigualdade de gênero que existe na sociedade e foi reproduzida por muito tempo no movimento sindical. E ainda é, apesar dos avanços”, conclui a revista.