Por uma escola sem racismo, porque vidas negras importam

Por uma escola sem racismo, porque vidas negras importam

Luiz Carlos dos Santos

Mariellle, uma mulher negra da periferia carioca, contrariando a todas as estatísticas, estuda, milita, se empodera é eleita como a quinta vereadora mais votada na última eleição no Rio de Janeiro. Morre após ser executada, por defender um projeto que não compactua com o projeto fascista de um estado de exceção. Mais uma mulher negra brutalmente assassinada. Crime que carrega muitos ódios: machismo, racismo, LGBTIfobia entre outros.

São muitas as Marielles que tombam e sangram no dia a dia deste país.  Dados do IPEA apontam que a cada 100 pessoas assassinadas, 71 são pretas e indica, também, que o assassinato de mulheres negras cresceu 22% e que no topo dessa estatística está o genocídio da juventude negra.

O que a escola tem a ver com tudo isto? Pensar numa escola sem racismo é pensar numa escola que desconstrua as práticas institucionais e os hábitos culturais racistas deste estado de exceção que nos quer servis e não medirá esforços para arrancar todas as nossas conquistas dos últimos anos, como as cotas e o bolsa família, entres outras.  Não há uma única forma de manifestação racista na escola e na sociedade, como também não existe uma única forma de combatê-la.  A aplicação das leis 10639/03 e 11645/08 já dão o tom. O debate racial precisa estar presente nos currículos do nosso fazer pedagógico. Nossa pratica cotidiana deve ter ações propositivas, como a valorização da cultura afro brasileira, dos(as) nossos(as) autores(as), poetas, poetisas e artistas. Entre os(as) nossos(as) estudantes e colegas, ressaltar positivamente a identidade negra, a pele, os lábios, o cabelo, enfim, positivar o estereótipo negro, no intuito de resgatar nossa autoestima e nosso empoderamento.

O Combate ao racismo é uma luta que exige de nós muita resistência, teimosia e perseverança. Que o tombamento de nossas pretas e pretos seja uma força, um estímulo para nossa luta cotidiana contra o racismo e toda forma de preconceito. Vidas negras importam. Racistas não passarão.

Luiz Carlos dos Santos, secretário de Promoção da Igualdade Racial e Combate ao Racismo da APP-Sindicato

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