Com o objetivo de reunir lésbicas, sapatão e mulheres bissexuais, reivindicar direitos e visibilidade, a Liga Brasileira de Lésbicas (LBL) realiza neste sábado (26), em Curitiba, a 1ª Caminhada LésBi do Paraná. A concentração será às 13h, em frente à Casa da Memória. Na sequência, uma caminhada com muitas atrações vai percorrer o Largo da Ordem.
O trajeto contará com a participação das DJs Babi Oeiras e Je Arruda, dos bloquinhos de carnaval Saí do Armário e Me Dei Bem e Ela Pode Ela Vai, e dos batuques Baque Mulher e das Minas. A festa de encerramento será no Becks Bar, com o som das meninas do Soy Pagodeira e apresentação de Drag King.
Para a organização, o evento é fundamental em um cenário em que lésbicas, sapatão e mulheres bissexuais são invisibilizadas e apagadas sistematicamente na sociedade, sendo uma das populações que mais sofrem violências. “Será um momento de comemorar, declarar seu orgulho em ser quem é e reivindicar nossos direitos”, afirma.
Dados da pesquisa I LesboCenso Nacional: Mapeamento de Vivências Lésbicas no Brasil, que ouviu mais de 22 mil mulheres lésbicas, revelam que 24,76% das entrevistadas já foram estupradas e, ainda, afirmaram que pessoas conhecidas cometeram 75,13% desses crimes. A maioria delas já sofreu algum tipo de lesbofobia (78,61%) e tem conhecidas que já sofreram algum tipo de violência por serem lésbicas (77,39%).
Os tipos de atos lesbofóbicos mais destacados foram assédio moral (31,36%), assédio sexual (20,84%) e violência psicológica (18,39%). Das situações de violência, as que mais se destacaram foram interrupção da fala (92,03%), contato sexual forçado sem penetração (39,17%), impedimento de sair de casa (36,46%) e relações sexuais forçadas com penetração (24,76%).
Secretária da Mulher Trabalhadora e dos Direitos LGBTI+ da APP-Sindicato, Taís Adams, ressalta a importância do evento considerando também o contexto em que o Brasil é o país que mais mata LGBTIs do mundo. Segundo a dirigente, a cada 34 horas é registrada uma morte motivada por LGBTIfobia no Brasil, mas os dados podem estar subnotificados.
“Manifestações públicas, como essa caminhada Lesbi do Paraná, chamam atenção para essa pauta. A pauta de um segmento da população que é minorizada e discriminada por parte da sociedade. A APP-Sindicato apoia essa causa, pois defendemos uma sociedade mais justa e igualitária, na defesa dos direitos humanos. Também entendemos que a educação tem papel fundamental na apresentação da interseccionalidade e no respeito a todas as diversidades”, destaca Taís.
Mês do orgulho e da visibilidade
A caminhada acontece em agosto por ser o mês em que ocorre o Dia do Orgulho Lésbico (19) e o Dia da Visibilidade Lésbica (29). As duas datas exaltam as lésbicas, debatem a lesbofobia e almejam a visibilidade.
De origens diferentes, mas com o mesmo propósito, o Dia do Orgulho Lésbico surgiu da primeira manifestação de mulheres lésbicas ativistas por igualdade e reivindicação de direitos, após serem expulsas de um bar em São Paulo chamado Ferro’s Bar, em 19 de agosto de 1983, final da Ditadura Civil-Militar. A ação ficou conhecida como o “Stonewall brasileiro”.
Já o Dia da Visibilidade Lésbica foi escolhido como homenagem ao 1° Seminário Nacional de Lésbicas (SENALE), que aconteceu em 29 de agosto de 1996, para discutir saúde, educação, segurança, moradia e demais políticas públicas.