Contrariando o discurso adotado por políticos conservadores onde afirmam que as escolas públicas se tornaram locais em que se trabalham excessivamente temas como direitos humanos, o Ministério Público do Paraná (Escola Superior e Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Proteção aos Direitos Humanos), em parceria com a Secretaria de Educação do Estado do Paraná realizou neste ano (2019) uma pesquisa sobre a visão dos jovens sobre a temática.
Mais de 15 mil alunos(as) de ensino médio responderam a um questionário com 50 questões, abordando o tema direitos humanos, o que evidenciou um desconhecimento sobre o posicionamento dos(as) jovens sobre a temática. Quando se fala em direitos humanos, 82% dos(as) entrevistados(as) se dizem favoráveis a ideia, além de 71% demonstrar interesse em entender melhor a temática.
Quando questionados sobre os direitos mais importantes, os(as) estudantes destacaram o direito igualdade, à vida, à educação e à saúde. A democracia foi outro tema abordado e demonstrou dados alarmantes sobre a temática.
Isto demonstra o grande desafio a ser enfrentado pela sociedade, comunidade escolar e órgãos públicos ao trabalhar a temática.
Respeito a minorias e grupos de risco
Diferente do que é apontado, os(as) jovens estão atentos a violência que grupos de risco e minorias sofrem, demonstrando uma empatia ao trabalhar o tema. Sobre a igualdade de gênero, 93,1% reconhecem a existência do machismo na sociedade e 71,4% dos(as) alunos(as) relataram ter presenciado a situação de violência (física, psicológica, moral etc.) contra mulher.
Já em relação aos direitos LGBTI, 56,2% dos(as) ouvidos(as) presenciaram algum tipo de violência verbal por motivos homotransfóbicos. Cerca de 25,2% relataram também ter visto alguma violência física pela mesma motivação.
Sobre o racismo, 74% dos alunos(as) reconhecem que “piadas” e/ou brincadeiras podem configurar descriminação racial. Ainda, 88,3% dos estudantes disseram concordar com a afirmação de que o Brasil é um país que ainda apresenta discriminação étnico-racial (racismo).
Luta por uma escola plural
Professoras(es) e funcionárias(os) de escola devem realizar um trabalho preventivo focando na importância de se respeitar e não agredir os colegas, independente de sua orientação sexual questionando quais são os modelos de comportamento masculino e feminino. Podendo também estabelecer combinados e sanções para os casos de agressão abrindo espaço para as(os) estudantes que sofrem agressões podendo comunicar as situações que vivenciam, fazendo que elas(es) se sintam acolhidas(os) e respeitadas(os). Os dados demonstram a necessidade de abordar os direitos humanos, os quais chamam a atenção dos(as) jovens que estão em transição para a fase adulta.
O Professor Pedagogo, Clau Lopes, diretor da APP Estadual e vice – presidente do COPED- Conselho Permanente dos Direitos Humanos do Estado do Paraná, defende que a humanização de uma escola emancipada e plural se inicia com educação acolhedora, que incentiva o respeito e a cidadania no ambiente escolar . “Se mostrar capaz de lidar com a diversidade transfere bem-estar, segurança, facilidade no aprendizado. isto contribui com o fortalecimento de uma sociedade que saiba respeitar e valorizar a diversidade”, destaca o Lopes.
Confira no gráfico os dados da pesquisa: