Pepe Mujica faleceu nesta terça-feira (13) no Uruguai, país que presidiu de 2010 a 2015. Um dos líderes políticos mais carismáticos dos últimos tempos, Mujica deixa um legado de luta em defesa da vida e da educação.
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Mujica esteve na Sede da APP em Curitiba em 2016. A presidente da APP, Walkiria Mazeto, era secretária da Educacional na época e lembra com carinho daquele dia 27 de julho. “A gente aproveitou que ele estava no Brasil para levá-lo para fazer um debate com os trabalhadores e trabalhadoras da educação. Foi um momento importante, porque ele era e continuará sendo uma referência internacional que traz o compromisso com a classe trabalhadora”, afirma.
Walkiria destaca que Pepe mostrou a ela que a política deve ser feita e o Estado precisa ser organizado a favor da classe trabalhadora. “Ele deixa um ensinamento de vida, de como o estado deve ser organizado de maneira a favorecer a grande maioria, e não uma minoria que se beneficia do nosso trabalho”, comenta.
Quando presidiu o Uruguai, Mujica valorizou a educação, melhorando a remuneração dos(as) educadores(as) e investindo em tecnologia, entregando um computador a cada criança matriculada nas escolas públicas do país.
A defesa da vida é outra luta de Mujica, como fez em um discurso na Organização das Nações Unidas (ONU) em 2013: “Pense que a vida humana é um milagre. Que estamos vivos por milagre e nada vale mais do que a vida. E que o nosso dever biológico é, acima de tudo, acima de todas as coisas, respeitar a vida e promovê-la, cuidar dela, e entender que a espécie humana é o nosso “nós”.
Essa é uma lição profundamente transformadora.
Quando Mujica visitou a Sede, a APP era presidida por Hermes Leão. Ele recorda com emoção daquele dia. “A presença do presidente Pepe Mujica foi um momento muito especial, pois trata-se de um líder que foi um farol para o mundo, para quem almeja um mundo civilizado, em que os valores humanitários prevaleçam nas sociedades”, afirma.
Segundo Hermes, estar com Mujica foi uma injeção de ânimo para os educadores (as). “Ele veio ao Sindicato num ano de muitas dificuldades. Já tínhamos passado pela greve de 2015 e era um momento de muita confrontação. Ter um líder dessa envergadura com a nossa categoria foi muito estimulante. Pudemos ter essa liderança internacional no nosso meio, trazendo os valores mais autênticos da classe trabalhadora para o nosso meio”, conta.
“Foi um grande privilégio para o nosso Sindicato ter a presença desse homem em nossa Sede. Foi muito especial”, diz.
Muito além dos discursos, Mujica colocou beleza nesse mundo. Quando saiu da prisão em que fora colocado pela ditadura uruguaia, ele passou a cultivar flores numa chácara que pertencia à família dele. “Aprendemos na orfandade das masmorras que com pouco se pode ser feliz, e se com isso você não consegue, você não consegue com nada”, justificou.
Cultivar flores e fazer política definem em boa parte a contribuição de Mujica nesse mundo, ambas na perspectiva de praticar a arte que é cuidar da vida.
“O homem é um animal político por natureza, como dizia Aristóteles. Se fôssemos perfeitos, não precisaríamos de políticas. Mas é através dela que é possível administrar as diferenças”, ensinou quando esteve na Sede da APP em 2016.
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