“O melhor está por vir”. Só hoje temos ideia do tamanho da ironia usada pelo ex-governador ao dizer essa frase após ser reeleito no primeiro turno das eleições de 2014. Meses depois, diante de um Estado quebrado, Richa promoveu aumento radical nos impostos, como o do ICMS de milhares de produtos. Sem contar o reajuste do IPVA em 50%.
Mas o buraco era grande. Sob a orientação do então secretário da Fazenda, Mauro Ricardo, Richa decidiu estancar a crise usando uma das poucas reservas existentes: a poupança da aposentadoria do funcionalismo. Foi aí que a briga ficou feia. As(os) servidoras(es) estaduais, que já não estavam contentes, viram o futuro ameaçado.
O primeiro enfrentamento dessa batalha aconteceu em fevereiro de 2015. Richa tinha pressa em aprovar a medida. Não contava com tamanha união das(os) trabalhadoras(es). Com o plenário da Assembleia ocupado, o presidente da Casa, Ademar Traiano, tentou sem sucesso uma sessão às escondidas, fazendo as(os) deputadas(os) aliados do governador entrarem na Alep dentro de camburão.
Logo após a épica derrota do governador play-boy no dia 12 de fevereiro, em março explode um escândalo de corrupção envolvendo Richa na Receita Estadual. A Operação Publicano chega a prender o primo do governador. Com ódio no coração e necessitado da grana da ParanaPrevidência, Richa monta o maior cerco policial da história do Centro Cívico. Ele gastou R$ 1 milhão na operação violenta e o resultado: 400 feridos.
Estava dada a largada para um dos maiores períodos de enfrentamento entre o funcionalismo e o governo do Estado. Se a todo instante Richa tentava jogar a população contra a população, apontando o que ele chamava de privilégio, do outro as(os) servidoras(es) montaram um processo permanente de desgaste da gestão do tucano: além de incompetente, a gestão se afundava a cada dia em escândalos de corrupção.
Richa entregou o governo para Cida para concorrer ao Senado sob um risco. Ficar oito meses sem foro privilegiado e responder pelos crimes investigados por diversas operações. Um suicídio. O desgaste de sua imagem era tamanho que nem todos os esquemas do mundo poderiam evitar o pior: a sua prisão e de seus familiares.
No dia 11 de setembro de 2018, com a prisão daquele que há poucos meses era a figura máxima do Estado, ficou provada a força das(as) servidoras(es) estaduais do Estado do Paraná. De governador aprovado no primeiro turno, Richa passou a um prisioneiro pelo crime de corrupção.
Que isso sirva para que nenhum político volte a duvidar da força do funcionalismo estadual. Sirva para que os direitos dos atores das políticas públicas desse Estado não voltem a ser desrespeitados.
Fonte: Terra Sem Males
Foto e texto: Marcio Mittelbach, jornalista