“Pague o que nos deve!”, é o que querem os(as) educadores(as) do Paraná

“Pague o que nos deve!”, é o que querem os(as) educadores(as) do Paraná


Imagine que você tem uma dívida com alguém que vem em seu portão legitimamente fazer a cobrança deste valor. Ao invés de pagar ou negociar com ele, você chama a polícia para prendê-lo ou usa de violência com ele. É mais ou menos desta maneira que o governo do Paraná vem tratando os(as) educadores(as). Segundo dados da própria secretaria de educação do Paraná, os valores, até março deste ano, somavam R$ 180 milhões de dívidas com aproximadamente 27 mil professores(as) e 16 mil funcionários(as) das escolas. É esta dívida que os(as) servidores cobram do governador.

Na última sexta-feira (20), o educador e dirigente da APP-Sindicato em Maringá, Vitor Molina, um funcionário da APP e um membro de outro movimento social, foram presos durante uma recepção ao governador na cidade. Não basta o governo estar devendo para a categoria, deixar faltar merenda nas escolas e não apresentar soluções para pautas dos(as) trabalhadores(as), a sua postura é autoritária e se baseia em desrespeito.

De acordo com Vitor, os(as) educadores(as) estavam em uma faculdade particular da cidade para recepcionar o governador e protestar contra uma série de questões que estão afetando a educação pública no Estado. “O nosso protesto era pacífico. Íamos mostrar a nossa indignação ao governador pelo descaso com a educação e contra a perseguição aos educadores, como o governo ainda insiste em descontar a falta do dia 29 de abril, além do não pagamento das progressões e promoções e o maior rigor na Operação Quadro Negro”, diz.

Vitor explica que os(as) educadores(as) foram impedidos de usar camiseta ou qualquer identificação que remetesse à APP-Sindicato. “Nós fomos impedidos de protestar. Como virou hábito, fomos reprimidos com violência, mas os policiais não se identificaram como seguranças do governador. Ficamos detidos na carceragem da delegacia, esperando a negociação com o nosso advogado e a delegada para estabelecerem a fiança. Mais uma vez a categoria se mostrou unida. Reuniram vários educadores em frente à delegacia para protestar contra a nossa prisão e ficaram lá até a nossa saída. Também fizeram uma ‘vaquinha’ para pagar o valor da fiança”, explica.

O deputado estadual Professor Lemos explica que a violência com que o Estado vem tratando a categoria é inadmissível e que a dívida com os(as) servidores(as) só aumenta. “Quem deve não tem que mandar bater, não tem que mandar prender. Tem que pagar! Pagar salário. Há quase um ano o governo está devendo para os professores, servidores públicos, a promoção e progressão de carreira. Isso significa salário atrasado. Já são mais de 200 milhões que o Estado está devendo, a cada mês aumenta essa dívida”, explica.

Para Lemos, o governo do Estado deve utilizar a polícia para prender aqueles(as) que realmente precisam ser presos. “Por que o governador não coloca a polícia para prender quem roubou o dinheiro das escolas? No caso da Operação Quadro Negro, foram 24 milhões de reais dados para uma empresa chamada Valor e as escolas não foram construídas. É dinheiro público. São esses que precisam de polícia. São esses que precisam de cadeia. Não são os professores, não foram os funcionários de escola, não são os servidores públicos”, aponta.

Ponta Grossa – Em Ponta Grossa, os(as) educadores(as) foram recepcionar Beto Richa durante uma reunião com prefeitos da região, na Câmara de Vereadores, no dia 19 de maio. De acordo com a presidente do Núcleo Sindical de Ponta Grossa, professora Vera Rosi Lopes, os(as) educadores(as) e estudantes presentes também estavam denunciando a falta de merenda nas escolas da região. Durante a mobilização, a educadora foi agredida verbalmente pelo deputado estadual Plauto Miró, que acompanhava a agenda de Beto Richa. “Quando pegamos a bandeira da APP, um segurança da Câmara quis tomá-la. Eu disse que ele não podia tirar a bandeira da minha mão, que tenho o direito de me manifestar. Quando o governador chegou, bem em frente de onde eu estava, ele viu nossa bandeira. O Plauto Miró entrou na minha frente e começou a nos ofender, dizendo que éramos ladrões e vagabundos. As pessoas que estavam em volta me defenderam. O governador e os demais entraram rápido na Câmara”, conta.

Dentro da Câmara, estudantes da Universidade Estadual de Ponta Grossa, UEPG, foram retirados por guardas municipais ao gritarem palavras de ordem quando o governador entrava no local. O autoritarismo com que foram tratados demonstra claramente a forma como o governo não respeita a cobrança do que deve e a manifestação da sociedade.

Decisão coletiva – as recepções foram uma deliberação definida em assembleia da categoria desde o ano passado, após o massacre de 29 de abril e referendadas na última reunião do conselho estadual da APP-Sindicato.

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