R$ 30 milhões, um valor que mais parece um anúncio de prêmio da loteria. Os contemplados, seriam os(as) estudantes que ganhariam novas salas de aulas, laboratórios equipados, bibliotecas e quadras esportivas. Uma soma que era e deveria ter sido gasta na infraestrutura de, pelo menos, 14 escolas públicas estaduais. Deveria. No entanto, o montante, segundo o Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR), teria sido desviado dos cofres públicos em um esquema fraudulento.
Desde junho de 2015, a APP e o noticiário local denunciam, com base nas apurações do Tribunal de Contas do Estado divulgou, de que o tamanho da fraude e da suspeita de que seis empresas que tem ligação com o governador Beto Richa(PSDB) e sua campanha de reeleição são as responsáveis pelo desvio. A Operação Quadro Negro apura onde foi parar o dinheiro que deveria ter sido destinado à construção e reforma de escolas públicas. Dentre as empresas favorecidas, apenas uma, a Construtora Valor, foi formalmente acusada de fraude e desvio. De acordo o Tribunal, os relatórios mostram um esquema montado para subtrair verbas públicas. As obras não concluídas ou se quer começadas deveriam ter virado escolas em Curitiba, Almirante Tamandaré, Campina Grande do Sul, Campo Largo, Rio Negro, Cornélio Procópio, Coronel Vivida, Guarapuava e Santa Terezinha de Itaipu.
As outras empresas citadas no esquema são as construtoras MI, Machado Valente, TS Construção Civil, Brioschi Engenharia e Atos Construção Civil. As informações sobre a Operação Quadro Negro estão sendo apuradas pelo Tribunal de Contas da União, ao Ministério Público Federal e à Receita Federal. O documento do TCE-PR também foi enviado à Procuradoria Geral do Estado, ao Ministério Público do Paraná e aos conselhos de classe.
Até o momento, nenhum dinheiro foi devolvido aos cofres públicos e o governador não deu explicações satisfatórias sobre o que acontecerá com estas reformas e construções. No início deste mês, alguns representantes das empresas que estão sendo investigadas prestaram depoimento na 9ª Vara Criminal. O processo corre em segredo de Justiça.
O presidente da APP-Sindicato comenta que toda denúncia deve ser apurada para que a comunidade escolar não continue à mercê de interesses de políticos e grupos econômicos. “Apoiamos as investigações e defendemos que estes órgãos devam trabalhar com a sociedade. Consideramos, como tem sido anunciando a todas as entidades, importância de criar uma CPI na Assembleia Legislativa para que haja uma prestação de contas transparente do que está sendo aplicado na educação e de como os desvios serão punidos”, defende o professor Hermes Leão ao reforçar a necessidade da união da categoria nesta greve.
Confira a lista de 11 dos Colégios que foram prejudicados pelo desvio de verbas:
Escola | Município |
Centro Estadual de Educação Profissional de Campo Largo | Campo Largo |
Centro Estadual de Educação Profissional Prof. Lysímaco Ferreira da Costa | Rio Negro |
Colégio Estadual Tancredo Neves | Coronel Vivida |
Colégio Estadual Willian Madi | Cornélio Procópio |
Colégio Estadual Arcângelo Nandi | Santa Terezinha de Itaipu |
Colégio Estadual Ribeirão Grande | Campina Grande do Sul |
Escola Estadual Linda Salamuni Bacila | Ponta Grossa |
Colégio Estadual Leni Marlene Jacob | Guarapuava |
Colégio Estadual Pedro Carli | Guarapuava |
Escola Estadual Doracy Cezarino | Curitiba |
Colégio Estadual do Jardim Paulista | Campina Grande do Sul |