Foram meses de calúnias contra os professores. Anos de denúncias falsas contra a educação. Foram milhões de mensagens cheias de rancor e mentira nas redes sociais.
Os ultraconservadores apostaram no ódio à educação todas as fichas. Inventaram um plano maquiavélico para destruir nossas crianças – e disseram que só havia um remédio contra este mal. Era nos rendermos a eles.
Queriam que baixássemos a cabeça para a censura, para os limites que fazem bem o seu prazer. Queriam eliminar a política do mundo – e queriam eliminar do mundo as ideias que lhes são prejudiciais.
Os inimigos dos fanáticos são sempre os mesmos: a educação, os livros, a arte, a universidade. Quando podem, queimam tudo isso. Quando não podem, fecham, proíbem. Se nada disso estiver ainda a seu alcance, limitam, censuram, vedam acesso.
De nada adiantou, porém, o rancor. De nada serviram os milhões gastos em impulsionamento de mensagem. O ódio não prevaleceu.
É pouco ainda. A educação segue em perigo: ainda não há verbas para que as universidades funcionem; seguem ceifando bolsas que permitiriam a pesquisa; querem agora proibir o debate sobre gênero de uma vez por todas.
Mas em um momento de retrocessos graves cada vitória, ainda que parcial, deve ser comemorada. É sinal de que não estamos vencidos. E, principalmente, de que não estão todos loucos, ainda. Há ar para se respirar. Há democracia neste ar.
O cronista Carlos Castelo anda dizendo que o pior dos mundos não é enlouquecer, e sim ver enlouquecerem todos à nossa volta. Por agora, pelo menos, comemoremos: isso ainda não aconteceu. Existe sanidade, e existirá educação.
Fonte: Plural.jor