Nota da direção da APP-Sindicato sobre o atual momento político

Nota da direção da APP-Sindicato sobre o atual momento político


Não é hora de se curvar. O momento exige contundente defesa do Estado Democrático de Direito e da soberania popular (…) é preciso ter coragem para denunciar… [o conservadorismo e fascismo] que insiste em se instalar no País. Somente assim construiremos uma “sociedade livre, justa e solidária”. [Carta de Curitiba em Defesa da Democracia]

 

Vive-se um período de grandes incertezas políticas orquestradas e potencializadas, em grande parte, por uma mídia tendenciosa e que atende aos interesses do grande capital. Instala-se, preocupantemente, um ambiente jurídico policialesco em que os movimentos sociais e sindicatos têm sido ostensivamente atacados. Fatos recentes, como os ataques reiterados à sede da CUT do Paraná, a sindicatos em várias partes do Brasil e a sede da União Nacional dos Estudantes (UNE), em São Paulo, são exemplos do que os movimentos sociais e entidades sindicais têm sofrido. Não só as instituições têm sido atacadas, pessoas têm sido alvos contumazes de agressões por parte de grupos de direita que, de forma odiosa, não respeitam o livre direito de pensamento e manifestação daqueles e daquelas que são contrários e contrárias ao golpe. O período é preocupante e exige uma posição inequívoca em defesa da democracia e do pleno restabelecimento do Estado Democrático de Direito.

Como consta em sua história de quase 70 anos, a APP-Sindicato não se ausentou de fazer a luta democrática. Assim foi durante a ditadura militar, no reestabelecimento da democracia pós-período militar, na luta pelas ‘Diretas Já’, pelo estabelecimento de uma Constituição Cidadã, dentre tantos outros movimentos cívicos e democráticos pautados, sempre, na defesa intransigente das liberdades individuais e coletivas, da justiça social e dos direitos humanos, como bem consta de seu estatuto, no artigo 3º:

Art. 3°: A APP-Sindicato tem como princípios:

(…)

II – a participação na luta pela construção de uma sociedade justa, democrática, anticapitalista e anti-imperialista;

III – a luta pela manutenção e defesa das instituições democráticas;

IV – a defesa das liberdades individuais e coletivas, da justiça social e dos direitos fundamentais do ser humano;

No entanto, a APP não é única que faz a luta pela construção de uma sociedade mais justa, democrática, que pressupõe a manutenção e defesa da própria democracia. Por isso, se junta a outros movimentos e sindicatos que congregam a Frente Brasil Popular/Fórum de Lutas 29 de abril e a organização Povo Sem Medo. Essas frentes de mobilização e resistência unificam a luta dos trabalhadores e trabalhadoras, tornando-os(as) mais fortes para enfrentamento aos golpistas que fazem o jogo do grande capital.

A APP-Sindicato é contrária a toda forma de corrupção, à malversação dos recursos públicos e faz a defesa de que os desvios, desde que comprovados, sejam punidos. O que não se aceita é a seletividade e a espetacularização midiática do atual processo de investigações que, no aparente combate à corrupção no setor público, esconde a essência da intencionalidade dos que detêm o poder econômico de frear os avanços conquistados pela classe trabalhadora na última década. Por isso, alimentam a desestabilização política e o ódio na sociedade para, por meio do impeachment da Presidenta Dilma, implantar o projeto de flexibilização das relações trabalhistas, as terceirizações, a desestruturação do movimento sindical e as privatizações de diversas instituições públicas, dentre as quais a Petrobras, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.

Como sindicato dos trabalhadores e trabalhadoras em educação, a APP-Sindicato se constituiu na luta por um ensino público, gratuito, de qualidade, e com imprescindível consciência de classe. Não obstante, a luta também é por emprego, pelos direitos trabalhistas, por salário, por terra, pela igualdade de gênero, de raça e afirmação dos direitos LGBTT, contra toda forma de discriminação e opressão. Destarte, que em janeiro, durante a realização do XII Congresso Estadual da APP-Sindicato na cidade de Foz do Iguaçu, reafirmou-se a defesa dos fundamentos do Estado Democrático de Direito, Laico e Republicano. Portanto, é contrário às atitudes golpistas que teimam em se instalar na atual sociedade e que representa um ataque à democracia brasileira e aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.

Sabe-se que este tempo de incerteza exige muito de todos os trabalhadores e trabalhadoras. A névoa do atraso e do fascismo insiste em cobrir a todos e todas com sua intolerância, conservadorismo e entreguismo aos interesses do capital. Nesse tempo, é preciso estarmos atentos e  atentas, não nos curvar ao medo e aos déspotas que imaginam ter tomado o Brasil para si e lutar na defesa da democracia, do Estado Democrático e de Direito, da confiança nas instituições democráticas e na preservação dos direitos constitucionais individuais e coletivos.

Direção Estadual da APP-Sindicato

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