A participação dos(as) funcionários(as) de escola durante os 19 dias dias da greve dos(as) servidores(as) públicos, de 25 de junho a 13 de julho, mostrou, mais uma vez, que agentes I e II fazem toda a diferença tanto no processo pedagógico quanto nos movimentos de luta pelos direitos de toda a categoria e da escola pública de qualidade.
Segundo o discurso do governador, eram apenas alguns professores(as), “4%”, que estavam em greve. Talvez por desconhecimento da realidade, das necessidades e das pessoas que fazem a escola pública acontecer, a fala infeliz do governo não contava com a coragem dos(sa) funcionários(as).
Iolanda de Fátima Thomazi é auxiliar de serviços gerais no Colégio José de Anchieta, em União da Vitória. Servidora pública há nove anos, ela destaca que não dá para ficar de braços cruzados vendo o governo atacar os direitos que há mais de 70 anos a categoria vem lutando para conquistar e manter. “Temos que lembrar dos que vieram antes da gente e fazer a nossa parte”, explica.
Para a funcionária, um dos momentos que mais marcaram a greve foram os atos públicos realizados na capital. “Eu senti que ali estava o pessoal de coragem, o pessoal guerreiro, que luta para salvar o pouco que tem. Vale a pena. Se a gente não lutar, perde os direitos”, disse ela, lembrando também do apoio de outros colegas de trabalho que estavam em greve, mas não puderam ir nas manifestações.
Com o mesmo entendimento, a merendeira Terezinha Olinda Lopes conta que a greve é necessária “porque é a linguagem que o governo entende”. “Concurso, plano de carreira, tudo o que conquistamos foi com greve e com luta. O governo não dá nada de graça pra gente”, desabafa a funcionária que mora no município de Inácio Martins.
Terezinha tem 58 anos de idade, 20 dedicados ao serviço público. Acompanhada dos filhos e dos(as) colegas(as) de trabalho, ela foi uma das(os) milhares que participaram dos atos em Curitiba. Ao ver tanta gente reunida, ela diz ter esquecido até do cansaço da caminhada e fala que a categoria deu uma “lição” no governo.
“Eu acho que talvez ele (o governador) não vê os funcionários. Sem o funcionário a escola não anda. Na secretaria, na cozinha, no suporte para o aluno, o funcionário dá todo o suporte para que o professor trabalhe. Eu não estou ensinando, mas o nosso objetivo é o mesmo: chegar ao final do ano e ter boas aprovações”, concluiu.
Exemplos como dessas duas educadoras se repetiram em todas as escolas do estado. Invisíveis para o governo, mas indispensáveis para o cotidiano das escolas, os(as) funcionários(as) fizeram aumentar o “formigueiro” dos(as) trabalhadores(as) da educação pública do Paraná que barrou vários ataques em seus direitos.
Do total de servidores(as) que atuam na rede pública de educação do Paraná, os funcionários(as) correspondem a mais de 30%. São cerca de 28 mil pessoas que, entre inúmeras atividades, são responsáveis pela recepção dos(as) estudantes e da comunidade, pela limpeza das instalações, proteção do patrimônio, pela merenda e tarefas administrativas para que todas etapas de ensinar e aprender possam se efetivar.
Avanços
Dentre os avanços na pauta obtidos com a greve, para os(as) funcionários(as) serão reajustados os valores do auxílio-alimentação de todos(as) que recebem menos que dois salários mínimos e do vale-transporte. O pagamento será retroativo a abril de 2019. Outra medida anunciada é a correção da complementação do mínimo regional, com efeito retroativo a fevereiro de 2019.
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Você sabia?
Os(as) funcionários(as) de escola foram oficialmente reconhecidos(as) como educadores(as) a partir de 2009, quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Educação, professor Fernando Haddad, sancionaram a Lei Federal n. 12.014, que incluiu na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) os(as) trabalhadores(as) de escola como profissionais da educação. No Paraná, essa conquista deu origem a celebração do Dia do Funcionário de Escola, comemorado anualmente no dia 7 de agosto, desde 2010. A data foi instituída pela Lei n. 16.423, de autoria do deputado estadual Professor Lemos, que incluiu a celebração no calendário oficial do estado. |