Mulheres negras: Paraná tem déficit crônico de representação no poder público

Mulheres negras: Paraná tem déficit crônico de representação no poder público

Exclusão é gritante dos NREs ao secretariado do governo Ratinho, passando por todas as esferas do Legislativo

Nenhum dos 32 Núcleos Regionais de Educação do Paraná é liderado por mulheres negras. Não há pretas no secretariado do governo Ratinho, nem no 1º escalão da Prefeitura de Curitiba. No Congresso Nacional, não há deputada ou senadora negra representando o estado. Idem na Assembleia Legislativa. Na Câmara da capital, apenas uma eleita (Carol Dartora – PT), a primeira da história.

A triste constatação denota a importância do dia de hoje. “Mulheres Negras no Poder, construindo o Bem Viver” é a chamada para este Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-americana (25 de Julho), data que remonta à luta por mais representatividade das mulheres pretas em espaços decisivos de nossa sociedade.

Com cerca de 34% da população paranaense identificando-se como negra ou parda (IBGE 2018), o Paraná apresenta um enorme déficit de representação em cargos chaves, em especial quanto à proporção de mulheres negras.

E qual é o espaço da mulher negra?

Segundo o dado do estudo “Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, do IBGE de 2019, pessoas negras ocupam 64,2% dos(as) desempregados no país. Já 66,1% se encontram subutilizados(as) nos espaços de trabalho. 

Esse dado chocante nos mostra o espaço que a sociedade brasileira impõe a pessoas pretas, desconsiderando toda a história que essa população viveu no país. 

Tratando da remuneração de mulheres negras, o grupo recebe apenas 44% que um homem branco, reforçando a posição imposta na base da hierarquia social.

Esse espaço historicamente delimitado precisa ser expandido, pois apenas com uma mudança estrutural efetiva poderemos avançar na busca pela equidade na nossa sociedade, garantindo maior representatividade e participação nas decisões importantes para a população.

A educação, não apenas como espaço de debate e instrução, mas também como de pertencimento para mulheres pretas, é crucial neste avanço, pois tem o poder de alterar a estrutura e fortalecer os laços de luta entre mulheres jovens e adultas.

É preciso estabelecer o debate sobre qual é o espaço da mulher preta, não da forma como a sociedade patriarcal vê, mas como queremos construir para o futuro, pois temos esse poder em nossas mãos. 

Nossa luta é por avanços, pelas mulheres negras e por todas as pessoas que precisam de espaço nessa sociedade que cada vez mais exclui aqueles(as) que deveriam abraçar. 


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