Movimentos sociais, entidades sindicais e a sociedade civil organizada realizam nesta quinta-feira (24) um ato nacional pelo fim da violência racista. No Paraná, o protesto será em Curitiba, capital do estado, na Praça Santos Andrade, com concentração a partir das 18h.
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Os protestos vão acontecer em 14 estados. A mobilização ocorre após o assassinato da líder quilombola baiana, Mãe Bernadete, e chacinas policiais que mataram ao menos 32 pessoas na Bahia, 18 em São Paulo e 10 no Rio de Janeiro.
Além de denunciar o genocídio da população negra em nível nacional, ativistas do movimento negro vão se manifestar contra a violência policial, que vem aumentando também no Paraná, sobretudo contra a população negra.
Outra pauta da mobilização é a aprovação de um projeto de lei que obrigue a Polícia Militar utilizar as chamadas “bodycams”, câmeras corporais acopladas aos uniformes dos oficiais, que registram todas as ocorrências em que se envolvem durante rondas e operações.
Em São Paulo, estado que aderiu a utilização do equipamento, um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), entre 2021 e 2022, identificou que houve uma redução de 57% no número de mortes em operações.
A secretária de Promoção da Igualdade Racial e Combate ao Racismo da APP-Sindicato, Celina Wotkoski, ressalta que a participação da sociedade neste ato é fundamental para garantir que a vida de negros e negras seja valorizada e respeitada.
“Estaremos em todos os cantos do país contra essa barbárie, que é a violência da polícia contra nosso povo negro. É importante que se faça um ato que tenha uma grande visibilidade para que chame a atenção de nossas autoridades e que a polícia proteja o cidadão, e não tombar vidas negras. Dizem que não é violência policial, mas sim bala perdida, porém essa bala perdida atinge apenas corpos negros, esses que a polícia mata dia a dia”, explica a secretária.
Manifesto pela vida
Um manifesto divulgado pelas organizações que estão à frente do ato em Curitiba retrata em estatísticas o aumento da letalidade na segurança pública e o encarceramento de negros e negras.
Em 2022, cerca de 488 pessoas morreram em confrontos com policiais militares, um aumento de mais de 200 casos, comparável a 2015, onde 247 pessoas morreram.
Segundo o manifesto, a letalidade destes supostos confrontos é desproporcional quando se trata da população negra no Paraná. Conforme levantamento do Ministério Público do Estado do Paraná, por meio do Núcleo de Promoção da Igualdade Étnico-Racial (NUPIER), cerca de 48% das vítimas em confronto policial no estado eram negras.
“Desta forma, nesta data emblemática, 24 de agosto de 2023, que marca os 141 anos do falecimento de Luiz Gama, um dos precursores do direito à justiça para negros e negras, manifestamos nossa indignação diante desta perversa realidade. Assim, vimos por este MANIFESTO, exigir das autoridades responsáveis do Estado brasileiro e, em decorrência, do Estado paranaense ações de efetiva proteção às vidas negras e pelo fim da violência policial racista”, aponta o documento.
>> Confira o manifesto na íntegra
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