Faleceu nesta terça-feira o educador Flávio Clemente Rodrigues. Ele tinha Covid 19 e um problema grave no coração, o que o incluía no grupo de risco para a doença, mesmo com apenas 44 anos de idade. A história de Flávio é um exemplo da crueldade do Governo do Paraná com os trabalhadores(as) da Educação. Mesmo com sua grave condição de saúde, ele teve negado seu pedido de afastamento de função pela Secretaria de Administração e continuou trabalhando até apresentar sintomas da Covid 19, quando foi dispensado pela direção da escola em que trabalhava.
Flávio pediu seu afastamento no dia 5 de fevereiro e juntou cópia de relatório do Instituto do Coração de Foz do Iguaçu, detalhando a cirurgia cardíaca a que foi submetido em 2017. O pedido foi negado no dia 12 de fevereiro e ele foi obrigado a voltar ao trabalho no Colégio Paulo Freire, em Foz. Nesse período ele contraiu o coronavírus e no dia 3 de março foi internado no Hospital Municipal de Foz com Covid 19. A situação de saúde dele se agravou a ponto de impedir a recuperação.
Embora não haja confirmação de que Flávio tenha se contaminado na escola, a obrigação de se deslocar de casa para o trabalho e vice-versa sem dúvida favoreceu a contaminação. A morte dele reforça os argumentos de que é fundamental reduzir a circulação de pessoas para conter o vírus. A APP se solidariza com a família desse educador e dos mais de 12 mil mortos pela Covid 19.
Flávio tinha dois filhos pequenos e deixa um vazio enorme no Colégio Paulo Freire. A morte dele revela a incapacidade do Governo do Paraná de assumir a responsabilidade de assegurar ao servidor, as condições para realizar o teletrabalho e não se expor aos riscos de contaminação em atividades presenciais na escola.
A APP-Sindicato tem denunciado o descaso do Governo do Paraná com a saúde dos servidores(as) estaduais desde o início da pandemia. A situação se agravou neste ano, com a tentativa de impor a volta às aulas presenciais a qualquer custo. Confirmando os alertas da APP, após a Semana Pedagógica presencial os casos de contaminação em escolas estaduais explodiram, provocando o fechamento de dezenas delas em todo o Paraná.
Pessoas com comorbidades, como era a situação de Flávio, possuem mais chances de ter o quadro clínico agravado pela Covid 19 e, consequentemente, têm maior risco de morte. A APP-Sindicato/Foz vinha acompanhando o caso dele, além de denunciar a Secretaria de Estado da Educação (Seed) por suas práticas e pressões que expõem educadores(as) ao novo coronavírus e suas variantes.
A morte de Flávio Clemente Rodrigues representa, tragicamente, o elevado risco ao qual estão submetidos professores(as) e funcionários(as) da rede estadual do Paraná. A negação da ciência, a omissão e o desprezo pela vida dos(as) educadores(as), demonstrados por Ratinho Junior e Renato Feder, deixam a categoria completamente sem proteção, à mercê de um vírus letal.