A falta de distribuição de máscaras de qualidade, a pouca atenção à ventilação das salas de aula e a falta de testagem para Covid19 derrubaram o Paraná no ranking dos Estados brasileiros com os melhores planejamentos para impedir a disseminação do coronavírus nas escolas, após a volta às aulas presenciais. O Paraná ocupa a nona colocação entre 26 estados mais o Distrito Federal, de acordo com o Índice de Segurança no Retorno às Aulas Presenciais, desenvolvido pela Rede de Pesquisa Solidária, que reúne mais de 100 cientistas do Brasil e do Exterior.
O índice foi desenvolvido com os objetivos de informar a sociedade sobre a qualidade dos protocolos propostos por Estados e capitais e de sugerir melhorias nas políticas públicas voltadas ao retorno às aulas presenciais. O estudo aponta equívocos nos protocolos de segurança, como priorização de investimentos na compra de termômetros e na higienização de superfícies, superando outras medidas mais eficazes, como a distribuição de máscaras de qualidade e a testagem ativa nas escolas. É o que acontece no Paraná, onde o Governo Ratinho Jr tem empurrado educadores e estudantes para as salas de aula sem os devidos cuidados.
O estudo da Rede registra que a utilização de máscaras de alta qualidade (PFF2 ou N95) é comprovadamente uma medida de grande efetividade na contenção do contágio por Covid19. “No entanto, apenas 2 entre as 26 capitais (8%) e 1 entre os 27 estados (4%) distribuíram este tipo de máscaras como parte do esforço de reabertura para o ensino presencial”, aponta o documento. No Paraná, a baixa qualidade de máscaras e outros equipamentos de proteção individual foi denunciada por educadores na Assembleia Legislativa.
Na sua lógica de ver a Educação não como um direito de todos(as), mas uma oportunidade para fazer negócios, o Governo Ratinho Jr negligenciou medidas simples e sem custo, para despejar dinheiro em empresas privadas. É o caso da ventilação das salas de aula, comprovadamente eficaz contra a disseminação do coronavírus e menosprezada no Paraná. “A ampla ventilação dos ambientes não tem recebido a devida prioridade nos protocolos”, constata o estudo. De fato, a falta de ventilação é um problema nas salas de aula paranaenses, especialmente nesses dias gelados de inverno. A foto que ilustra a matéria sobre a volta às aulas presenciais no site do Governo do Paraná mostra uma sala de aula com janelas fechadas.
Os recursos usados na compra de caros termômetros digitais poderiam ser melhor aplicados, aponta o estudo. “Ponderamos que o investimento utilizado nas máquinas para aferição de temperatura poderia ter sido mais bem empregado em medidas mais eficazes, tais como distribuição de máscaras de maior qualidade, políticas de testagem ativa, ou aparelhos de monitoramento de concentração de CO2 do ambiente”, diz a nota técnica. “Quase todos os protocolos apresentados pelos estados e capitais previram a aferição de temperatura dos alunos e profissionais. Contudo, esta é uma medida relativamente pouco eficaz, pois a grande maioria dos casos de contaminação não manifesta sintoma de febre, além de muitas vezes a medição ser feita pelos pulsos em vez da testa, havendo ainda maior imprecisão”, exemplifica.
Os(as) cientistas avaliam que os protocolos de segurança na volta às aulas, de maneira geral, falharam em contemplar medidas em todas as oito frentes analisadas: Transporte, Distanciamento Físico, Higiene, Ensino Remoto, Máscaras, Ventilação, Imunização e Testagem. Esses protocolos deveriam ser capazes de garantir o direito à educação sem descuidar da prevenção do coronavírus, mas priorizam medidas secundárias e descuidam das fundamentais.
A Rede de Pesquisa Solidária tem mais de 100 cientistas mobilizados(as) para aperfeiçoar a qualidade das políticas públicas para salvar vidas em meio à pandemia de Covid, por meio do levantamento rigoroso de dados, da geração de informação criteriosa, da criação de indicadores e da elaboração de modelos e análises para acompanhar e identificar caminhos para as políticas públicas e examinar as respostas da população.
Veja a seguir a íntegra da Nota Técnica.
boletimpps-32-9julho2021-1