A expressão “Nem Freud explica” poderia ser aplicada à paixão que o povo argentino tem por seu país. Aliás, a Argentina é o país do mundo com a maior densidade de psicólogos por habitantes (cerca de 150 a cada 100 mil habitantes). Quando o assunto é futebol, nossos hermanos não nos poupam, ainda mais agora que se tornaram tri-campeões mundiais. Porém, a Argentina proporciona experiências incríveis, que vão desde o tango ao doce de leite.
Com uma história riquíssima e uma cultura excepcional, o país possui grandes escritores como Julio Cortázar, Jorge Luiz Borges, Ernesto Sábato, Adolfo Bioy Casares, Selva Almada e Manuel Puig, dentre outros. A escritora argentina Marta Lynch abre nossa agenda de 2023. Mas, quem é essa mulher?
Sobre a escritora:
Marta Lynch Nasceu em 8 de março de 1925 em Buenos Aires. Formou-se em Literatura pela Universidade de Buenos Aires e viajou para muitos países como conferencista. Teve colunas em jornais como o “La Nación” e em diversas revistas. Participou de programas televisivos, dando entrevistas que versavam sobre os mais variados assuntos – para todos eles Marta tinha opiniões firmes e contundentes. Tornou-se uma personalidade fascinante para os meios de comunicação da época. Seus filhos diziam que sair com ela era como sair com um anúncio de Coca-Cola, pois todos a conheciam.
Pertencia a um grupo de escritores da geração de 1950 e foi responsável por alguns dos best-sellers mais premiados e polêmicos da Argentina. A crítica alemã a considerou uma das maiores escritoras sul-americanas da década de 1960. Em 1970, já aclamada dentro e fora de seu país, Marta viaja pela primeira vez para Cuba. Ela comparou a experiência com a de “ter um filho”.
Marta tinha uma visão política cambiante e algumas posturas contraditórias, porém seu amor pela Argentina possibilita ao leitor conhecer um pouco mais da alma desse povo. Uma forte depressão a vitimou, pois tinha um medo muito grande da velhice, tanto física quanto mental. Sua casa não tinha espelhos e dizia a todos que nunca a veriam com cabelos brancos. Fez diversos procedimentos estéticos, mas o tempo é inexorável e, diante desse quadro, acabou cometendo suicídio em sua casa, num bairro nobre de Buenos Aires no dia 8 de outubro de 1985.
Ela escreveu romances e contos, bem como milhares de artigos para jornais e revistas argentinos e alemães, sobre as mais variadas temáticas e dentre as principais estão: política, histórias sobre futebol, questionamentos sobre a equidade de gênero na sociedade e até a importância do doce de leite para a cultura nacional argentina. Sua escrita traz ímpeto, energia, destreza narrativa, tons de ironia, melancolia, sutileza e a presença constante de arquétipos. Há experimentos narrativos como a duplicidade de narradores e muitos monólogos interiores, além de uma linguagem que remete o leitor ao cotidiano argentino.
PRINCIPAIS OBRAS:
• La alfombra roja (1962)
• Al vencedor (1965)
• Los cuentos tristes (1966)
• La señora Ordóñez (1968)
• Cuentos de colores (Premio Municipal, 1970)
• El cruce del río (que alude al Che Guevara- 1972)
• Un árbol lleno de manzanas (1975)
• Los dedos de la mano (1976)
• La penúltima versión de la Colorada Villanueva
• No te duermas, no me dejes (1984)
De todas suas obras, a que mais teve êxito foi o romance La Señora Ordonez, escrito em 1968, que teve uma versão televisiva seguida por milhares de espectadores. O livro, com uma narrativa inédita, traz relatos que se entrecruzam. De um lado, o monólogo da Señora Ordonez contando ao leitor suas experiências amorosas e as lições que tira desses envolvimentos; de outro lado a ação narrativa em si, que nos conta a biografia da protagonista, uma típica mulher casada da burguesia bonaerense (Buenos Aires) e suas aventuras extraconjugais. Essa mulher vive um dilema: ser escrava das obrigações matrimoniais e sociais ou tentar buscar a si mesma. La Señora Ordonez é um retrato fiel da Buenos Aires dos anos 1960 e dos dilemas e angústias que afligiam as mulheres daquela época. Pensando nessa narrativa, nas temáticas que ela aborda, imediatamente nos vêm à cabeça duas escritoras brasileiras excepcionais: Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles.
DICAS PARA TRABALHO EM SALA DE AULA:
As riquezas do país vizinho podem ser trabalhadas em várias disciplinas da Base Comum. Listamos abaixo algumas sugestões que podem enriquecer o trabalho em sala de aula.
>> História
Guerra das Malvinas (1982). Nessa guerra, a Argentina enfrentou o Reino Unido pela posse de ilhas oceânicas do Atlântico. Clique aqui e saiba mais sobre o conflito.
>> Geografia
Relevo: O país possui um relevo muito montanhoso na sua porção oeste, em razão da Cordilheira dos Andes; e é formado por planícies litorâneas na sua porção leste. Há ainda extensas planícies na sua porção central e grandes planaltos, inclusive com presença de geleiras, na sua porção sul, onde se encontra a Terra do Fogo (Patagônia). Está localizado na Argentina o ponto mais elevado da América do Sul. O Aconcágua, situado na cordilheira dos Andes, possui 6.969 metros de altitude. Saiba mais clicando aqui.
Clima: O clima da Argentina varia de polar, no extremo sul do país, ao subtropical, no norte do país, com importantes porções de clima temperado. A vegetação segue a mesma lógica da distribuição climática, com coberturas de pampas, florestas temperadas e tundras. Os principais rios da Argentina são o Prata, o Paraná, o Uruguai e o Iguaçu.
Atração turística: As Cataratas do Iguaçu, conjunto de quedas de água do rio Iguaçu, estão localizadas na fronteira entre a Argentina e o Brasil. Clique aqui e saiba mais sobre esta maravilha da natureza.
>> Educação Física
Buenos Aires é a cidade com mais estádios de futebol no mundo. Seus 18 campos, distribuídos em quase todas as divisões do esporte, superam os 17 de Madrid e os 14 de Londres. Contando só os estádios com capacidade para mais de 10.000 espectadores, a Grande Buenos Aires também aparece no topo da lista mundial com 36 estádios.
>> Artes
A Argentina possui uma cultura muito rica, fortemente baseada em tradições indígenas e espanholas, além de ter contribuição de diversos imigrantes, os quais chegaram ao país ao longo dos séculos. São destaques da cultura argentina: o ritmo musical tango e a produção de quadrinhos. O país também é importante polo cultural sul-americano, com grandes instituições de arte, além de bibliotecas e museus.
Quino e Mafalda: clique aqui para conhecer.
Tango: clique aqui para conhecer.
>> Química
Etimologia da Argentina: O nome da Argentina é uma referência à prata. O termo latim argentum remete à prata, considerada um símbolo do país, além de ser o nome do principal rio nacional.
>> Português
Há uma infinidade de possibilidades, já que a literatura argentina é riquíssima e se destaca em diversos gêneros: poesia, contos, romances.
Links sugeridos:
Romance argentino e comédia romântica são dois livros indicados da semana
DICAS DE FILMES:
Clique aqui e veja algumas dicas de bons filmes argentinos.
DICAS DE MÚSICOS E BANDAS:
Clique aqui e confira algumas dicas.
IMAGENS DA ARGENTINA / FOTOS CLÁUDIA GRUBER: