Isabelle e Ana Carolina não foram para escola hoje (18). Assim como duas adolescentes, milhares de estudantes da rede pública de ensino tiveram uma aula nas ruas. Tanto no Paraná, assim como em outros Estados do país, os(as) trabalhadores(as) da educação participam das atividades da Semana Nacional de Valorização da Educação convocada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE) e hoje foi dia de paralisação.
Por aqui, mais de 10 mil pessoas participaram da manifestação que saiu da Praça Santos Andrade e foi até o Centro Cívico, sede do governo do Estado, para cobrar do governador Beto Richa respostas urgentes para a categoria. Entre as revindicações, itens ligados ao ensino, como falta de merenda, salas lotadas, desvio de verbas e escola em tempo integral e, também, à carreira dos(as) educadores(as) paranaenses, como a situação de contrato dos(as) professores(as) temporários(as) (chamados PSS); o atraso no pagamento de promoções e progressões e o descumprimento da Lei Nacional do Piso, que determina o valor mínimo a ser pago a cada docente. “O Estado acumulou uma dívida de mais de R$ 100 milhões com a categoria. Temos também uma defasagem de 7,75% em relação ao que determina a lei do piso”, explica o presidente da APP-Sindicato professor Hermes Leão.
Dias de luta – A professora Márcia Faher, de Cascavel, chegou a Curitiba depois de uma noite de viagem com os(as) colegas de profissão e comenta sobre a importância da participação dos(as) educadores(as) de todo Estado na Marcha. “Estamos em meio a um clima de muita agitação em todo país. Nossa marcha de hoje foi organizada no ano passado pela CNTE e aprovada por unanimidade na assembleia do dia 28 de janeiro, em Foz [do Iguaçu]. É grave a situação das nossas escolas. Falta alimento pros alunos, falta segurança pro professor dar aula e a gente não pode baixar a guarda, temos que protestar em defesa dos nossos direitos e da educação que queremos”, salienta a professora.
Também do interior do Paraná, a professora Ágata Santos, chegou de Paranavaí logo no início da manhã e, sob o sol quente. explicava sua motivação em participar do ato. “Estou aqui hoje especialmente porque sou contra as terceirizações. Eu quero defender a minha carreira, a minha profissão e não quero uma categoria fragmentada. Estamos unidos e assim também é que iremos garantir nossa valorização”.
Apoio da comunidade – Isabelle e Ana Paula são alunas do Ensino Médio do Instituto de Educação do Paraná e permaneceram ao lado dos(as) seus(suas) professores(as) até o final da marcha, por volta do meio dia. ” Tentamos estudar em salas com 45 alunos. É muita gente, muita bagunça, não tem espaço pra nada e passamos um calor danado. A gente vê que os professores sofrem com falta de um monte de materiais para dar aula”, conta Isabelle.
Além de estudantes, a marcha da educação recebeu apoio por onde passou. Do comércio e nas janelas, a população reconhecia o trabalho da APP-Sindicato e a organização da categoria em prol de uma educação de qualidade.