Há 28 anos, quem passa pela região central de Curitiba, nas manhãs dos dias 30 de agosto, tem grandes chances de cruzar com uma gigantesca marcha de professores(as) e funcionários(as) das escolas públicas estaduais. Desde que foram violentamente atacados(as) pela polícia do então governador Álvaro Dias, a categoria decidiu que o dia 30 de agosto seria marcado por uma marcha de resistência e assim tem sido, sob sol ou chuva, nos últimos quase 30 anos.
Na manhã desta terça-feira (30), quase 10 mil educadores(as) participaram da marcha que se estendeu por toda manhã, saindo da Praça Santos Andrade até o Palácio Iguaçu. Mesmo com a realização de atos em várias regiões do Estado, vieram trabalhadores(as) de todo Paraná. Como por exemplo, somente o Núcleo Sindical de Francisco Beltrão enviou 6 ônibus lotados de educadores(as) para a mobilização. Para o presidente da APP-Sindicato, a forte adesão é resultado do espírito combativo e do atual momento de dificuldades que a categoria atravessa. “Hoje é um dia de paralisação, luto e luta. Estamos, agora na metade da manhã, com mais de 80% de adesão ao movimento. A categoria está na rua em memória da violência de 88 e também para cobrar deste governador os direitos básicos como o pagamento dos atrasados. À tarde, iremos até a Assembleia Legislativa do Estado anunciar aos deputados que não aceitamos ataques aos nossos direitos”, relata o professor Hermes Leão.
Para a professora de história Marilene Aparecida Nunes, o dia de hoje ainda causa muita emoção. Com os olhos marejados ela conta o que sente ao participar de uma manifestação da APP. “Eu estava na Assembleia Legislativa no dia 30 de agosto de 88. Para os meus alunos eu, como professora de história, falo e explico sempre sobre as guerras. Há 28 anos eu vivi uma de perto e foi vergonhoso o que o governo fez conosco. Hoje, no Paraná estamos revivendo o passado e depois de todos esses anos um novo governador ditador conseguiu superar a atrocidade do Álvaro Dias, é por isso que eu estou aqui. Para que nossa história fique bem viva”, comenta a professora ao relembrar o mais recente episódio de violência vivido pela categoria no dia 29 de abril de 2015.
No final da manhã, a direção estadual do Sindicato se reuniu com o representantes do governo estadual, no Palácio Iguaçu, para tratar da pauta de revindicações da categoria. Entre as cobranças da APP, estão o pagamento das promoções e progressões atrasadas, a falta de professores(as) e funcionários(as) nas escolas, a consequente superlotação das salas e a ameaça de retirada de direitos assegurados por leis como o Piso Salarial dos(as) professores(as) e o ajuste anual da data-base.