Com raiva porque perdeu as eleições do primeiro turno por uma diferença de 12,9 milhões de votos na Região Nordeste para o ex-presidente Lula (PT), que teve 67% dos votos nos 9 estados da região, o presidente Jair Bolsonaro (PL) chamou os nordestinos de analfabetos.
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“Lula venceu em 9 dos 10 estados com maior taxa de analfabetismo”, disse o candidato derrotado, que acabou de cortar mais recursos da Educação. “Você sabe quais são esses estados? No nosso Nordeste”, atacou Bolsonaro.
O novo insulto ao povo nordestino, disparado nessa quarta-feira (5), mostra que Bolsonaro não tem nenhum conhecimento do valor do povo da região, das conquistas na literatura e na ciência e da capacidade intelectual reconhecida no Brasil e no mundo. Ele também insulta outros nordestinos famosos no mundo inteiro como Paulo Freire e os que ocuparam a sua cadeira. O Brasil foi governado por oito nordestinos, sendo dois do Ceará e de Alagoas; e um do Maranhão, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
Bolsonaro ainda ignora que os estados nordestinos foram os que menos conseguiram investimentos públicos desde o golpe de 2016, mas a população não esquece a pujança durante os governos Lula, que tirou o Nordeste da sombra e investiu pesado em todas as áreas, gerando emprego e renda.
A xenofobia e agressão de Bolsonaro aos nordestinos demonstra que ele não tem nenhum conhecimento de vida, do Brasil e sequer se preocupa em ler, pois teria lido o Plano Nacional de Educação (PNE), criado no governo Lula, em 2009, que prioriza a educação nas regiões do Norte e Nordeste, reage o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), o pernambucano, Heleno Araújo.
“Partindo de um ignorante como Bolsonaro, sem nenhum conteúdo, que tem uma postura inadequada como presidente, como ser humano, devemos desconsiderar seu insulto por ser uma pessoa insensível e desprezível”, diz Heleno.
O presidente da CUT-Piauí, Paulo Bezerra, também se manifestou sobre o insulto de Bolsonaro, de algumas posições de preconceituosas que têm sido apresentadas por pessoas de quase todas as regiões do país estimuladas pelo mandatário. Pessoas, segundo ele, que pensam diferente dos nordestinos, com posições preconceituosas devido à posição política e à decisão do Nordeste ter votado em Luiz Inácio Lula da Silva.
“Nós acreditamos no país livre democrático e nenhuma região pode ser tratada com diferença. O povo brasileiro tem o mesmo direito de manifestar, seja ele da região do Norte, Sul, Sudeste e Centro-Oeste e do Nordeste. Temos que respeitar a opinião de cada um; entendemos que somos todos brasileiros e brasileiros e temos que ter a mesma tratativa e construir um país para todos e todas”, afirmou.
Desmonte da educação no NE após governos do PT
A existência das desigualdades sociais, educacionais regionais é um fato que o ex-presidente Lula buscou reduzir, com políticas públicas como Fundeb, o piso nacional do magistério em 2008, a Emenda Constitucional (EC) Nº 59, de 2009 que permitiu o acréscimo gradual de cerca de R$ 9 bilhões a mais no orçamento da educação, e determinou a ampliação da obrigatoriedade do ensino a todas as etapas da educação básica; a universalização do atendimento também na educação infantil e no ensino médio, ao ampliar a obrigatoriedade aos alunos entre quatro e 17 anos; além da Conferência Nacional da Educação em 2010.
“Essas políticas reduziram as desigualdades educacionais que pioraram após o golpe de 2016 contra a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) e piorou ainda mais no governo de Bolsonaro”, afirma Heleno.
Outros dados que demonstram a força do nordestino na educação são do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que apurou que em 2000, o Nordeste tinha 413.709 universitários. Em 2012, esse número saltou para 1.434.825. Ou seja, um crescimento de 1 milhão de novos universitários em 12 anos. O número de cursos de doutorado e mestrado também cresceu 33% entre 2010 e 2012 no Nordeste.
Nos governos petistas, o Nordeste ultrapassou a região Sul, ficando com o segundo maior número no país de estudantes do ensino superior (20% do total), atrás apenas do Sudeste. Sete das 18 universidades criadas nas gestões petistas estão no Nordeste. E cada uma mantém unidades em mais de um município, beneficiando 28 cidades.
Diminuição da desigualdade social no NE
A educação está estritamente relacionada à área social, e foi nos governos petistas que mais nordestinos saíram da pobreza. Em 2002, quando o presidente Lula foi eleito, mais de 21,4 milhões de nordestinos viviam em situação de pobreza. Em 2012, esse número caiu para 9,6 milhões, segundo estudo da Fundação Perseu Abramo, com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
Já o levantamento do Fórum Brasil Regional, em junho deste 2015, mostrou que o Nordeste, entre 2003 e 2013, respondia por 61% na redução da pobreza no País.
Veja a fala de Bolsonaro atribuindo os votos de Lula ao analfabetismo dos nordestinos
Matéria publicada pela CUT-Brasil em 6 de outubro de 2022
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