Mais livros, menos telas: educadores(as) farão greve de plataformas no dia 30 de agosto APP-Sindicato

Mais livros, menos telas: educadores(as) farão greve de plataformas no dia 30 de agosto

A mobilização foi aprovada em Assembleia Estadual, realizada no último dia 12 de agosto

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No centro da política educacional do governo Ratinho Junior, as plataformas digitais têm se tornado uma fonte inesgotável de estresse, sobrecarga e adoecimento para professores(as) e estudantes. Os(as) educadores(as) reagirão no 30 de agosto com um dia de Plataforma Zero nas escolas.

A mobilização foi deliberada na última Assembleia Estadual da categoria e integra uma série de ações para pressionar a Seed pela abertura de diálogo sobre o tema.

>> Confira aqui as deliberações da Assembleia Estadual

Realizado em um dia simbólico para os(as) educadores(as) paranaenses, o ato não será uma paralisação das aulas, mas sim uma forma de protesto para demonstrar a insatisfação com o modelo educacional que prioriza o uso obrigatório de plataformas em detrimento da interação humana e da autonomia pedagógica.

Entre as orientações para a mobilização estadual, a APP-Sindicato recomenda que apenas o RCO seja utilizado, para garantir que o registro de classe seja efetuado, comprovando a realização da aula.

O Sindicato aponta que esta é uma oportunidade para professores(as) exercerem a autonomia pedagógica, com recursos didáticos da sua escolha.

“O uso excessivo e a pressão por índices de acesso às plataformas têm causado o adoecimento de profissionais e estudantes devido ao aumento do tempo diante das telas e às metas impostas pelo governo. Para piorar, não há retorno na aprendizagem, conforme aponta a pesquisa realizada pelo sindicato junto à categoria”, explica a secretária Educacional da APP, Vanda Santana.

Rejeição

De acordo com a pesquisa “Plataformização da Educação”, realizada pela APP-Sindicato e o Instituto IPO em julho deste ano com educadores(as) de todo o estado, para 83% dos(as) professores(as), a plataformização da educação não melhorou a aprendizagem na rede.

Outro ponto crítico: quase a totalidade dos(as) educadores(as), 91,3%, se declaram sobrecarregados(as) com a avalanche de plataformas, aplicativos e meios tecnológicos somados à cobrança pelo cumprimento de metas.

Já 74,3% dos(as) pesquisados(as) reconhecem os impactos negativos do modelo na sua saúde física e/ou mental, enquanto uma parcela maior (78,3%) afirma ter colegas que adoeceram em decorrência das dificuldades impostas pelas novas tecnologias.

A secretária executiva Educacional da APP, Margleyse dos Santos, explica que a pressão, a falta de autonomia pedagógica e o adoecimento são consequências da política educacional violenta de Ratinho Jr, que não leva em consideração a formação dos(as) educadores(as) e aposta em plataformas para forjar índices positivos no estado.

“Esse governo impõe os índices e não pensa no aprendizado do aluno, não pensa na autonomia do professor de preparar a sua aula. Por isso queremos marcar o 30 de agosto, uma data que lembra a violência contra a categoria, com uma greve de plataformas. Essa é uma forma de demonstrar nossa insatisfação com esse método impositivo que fere nossa autonomia”, afirma Margleyse.

Dia de luta

No dia 30 de agosto de 1988, policiais militares avançaram com cavalos, cães e bombas contra professores(as) que protestavam por melhores salários e condições de trabalho na Praça Nossa Senhora de Salette, em Curitiba. A repressão uniu a categoria, que transformou a data em dia de luto e luta.

Muitas conquistas trabalhistas vieram depois daquele fatídico dia: o piso salarial nacional, o plano de carreira para docentes, a realização de concursos públicos e o direito à hora-atividade, mostrando que a luta não foi em vão.


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