Mais de 60% dos(as) professores(as) já sofreram algum tipo de assédio, perseguição ou censura no trabalho

Mais de 60% dos(as) professores(as) já sofreram algum tipo de assédio, perseguição ou censura no trabalho

Pesquisa mostra que 91% dos(as) educadores(as) gostariam de ter apoio psicológico no dia a dia da profissão

Mais da metade dos(as) professores(as) já sofreu algum tipo de assédio, perseguição ou censura no trabalho, revela um estudo realizado pelo Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ). A pesquisa mostra que 91% dos(as) entrevistados(as) gostariam de ter apoio psicológico no dia a dia da profissão.

O estudo, financiado pela Protect Defenders, mostra um cenário difícil enfrentado por educadores(as) em todo o Brasil. Questionários preenchidos por 837 profissionais das cinco regiões do país apontam que 64,4% já sofreram algum tipo de assédio, perseguição ou censura no trabalho.

O medo de sofrer retaliações no ambiente de trabalho é rotina para 63,7% dos(as) educadores(as), enquanto 61,9% já repensaram o conteúdo de uma aula por temerem uma repercussão negativa.

Os números foram apresentados em audiência pública na Câmara dos Deputados, realizada nesta semana para discutir a perseguição ideológica a professores(as) no Brasil.

“Temos casos em que professores(as) são agredidos fisicamente, verbalmente, casos de violência moral, além de questões que afetam a saúde mental do trabalhador. Em escolas particulares, até terminam na demissão do profissional”, lamentou a deputada Professora Luciene Cavalcante (PSOL/SP). 

Território em disputa

Luciene convocou a audiência juntamente com as deputadas Talíria Petrone (PSOL/RJ) e Erika Hilton (PSOL/SP). A professora ressaltou que o ambiente escolar sempre foi um território em disputa, por ser um local de promoção e fortalecimento dos direitos humanos, mas as perseguições aos professores(as) aumentaram nos últimos anos.

O diretor da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense do Rio de Janeiro (UFF), Fernando Penna, concorda que essas perseguições carregam ódio direcionado às temáticas de direitos humanos. Ele salientou os prejuízos à liberdade de aprendizado dos alunos quando um professor é impedido de exercer o seu trabalho.

Juliana Andozio, do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina (Sinte-SC), lembrou o sofrimento que discursos de ódio impõem às comunidades escolares. “Isso precisa ser investigado. É um absurdo, principalmente para nós, professores(as), que, além de mal remunerados, damos a nossa vida pela escola e ainda sofremos essa tortura e medo em sala de aula”, disse. 

A perseguição a professores exige enfrentamento, disse Pâmela Passos, diretora de extensão comunitária e tecnológica, da Pró-Reitoria de Extensão do IFRJ. Segundo ela, há uma escalada de ódio que acarretará consequências sérias no presente e para o futuro do país.

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