Mil e quinhentos e sessenta e dois estudantes, professores(as) e funcionários(as) de escola foram contaminados(as) com o coronavírus desde a volta às aulas presenciais, imposta pelo Governo Ratinho Jr a partir de abril.
Uma triste realidade que é apresentada pelo secretário da Educação, em entrevista à RPC, como uma prova da “segurança” do ambiente escolar. O tortuoso argumento usa como base o suposto baixo percentual relativo ao total de educandos e educadores(as).
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Na visão do governo Ratinho, foram “apenas” 380 estudantes e 1.182 professores(as) e funcionários(as) adoecidos(as).
A frieza no tratamento dos números esconde a ausência de uma política de testagem em massa. Como apenas os sintomáticos são testados, os casos positivos são – muito provavelmente – subestimados. Os dados também não incluem contágios em familiares e contatos de fora da escola.
Enquanto isso, não se fala nas salas de aula lotadas e na política de premiar escolas que trazem mais estudantes, apesar dos inúmeros problemas estruturais, falta de funcionários(as), de produtos de limpeza e de fiscalização dos protocolos.
Não somos apenas números
O governo não informa o número de óbitos. A abordagem do Estado e da mídia amiga omite a realidade de trabalhadores(as) como Ironei Oliveira, funcionário de escola em Campo Mourão falecido em junho deste ano.
Ele tinha comorbidades, foi obrigado a trabalhar presencialmente, adoeceu e morreu, se tornando um símbolo da luta da APP para salvar vidas.
Além de Ironei, centenas de educadores faleceram vítimas da Covid no Paraná – o memorial da APP para os(as) associados(as) falecidos(as) tem mais de 200 nomes. A RPCTV e o secretário de Educação debocham dessas pessoas e de suas famílias, ao tratarem as tragédias pessoais e familiares com sorrisos e comemorações.
Num golpe para minimizar o sofrimento que causaram ao impor a volta às aulas presenciais, Ratinho Jr e Feder manipulam os números para mostrar percentuais “baixos” de contaminação nas escolas, incapazes de reconhecer a dor causada pela doença e pela morte de cada uma das vítimas. Lamentavelmente a RPCTV se soma a esse cortejo fúnebre em que bobos da corte tentam em vão animar a plateia.
A encenação de um deputado estadual que divulga números manipulados e interpretações distorcidas, jornalistas que trabalham para desinformar e um secretário da Educação sorridente com a desgraça das pessoas compõem o quadro lamentável que a população paranaense tem que assistir nesse momento de dificuldades, quando precisamos de bom senso e respeito.