“Jamais esqueceremos”. Foi com esse grito que os(as) educadores(as) tomaram as ruas de Curitiba em mais um ato histórico da categoria. Hoje, quatro meses após o massacre no Centro Cívico, também foi dia de relembrar a violência sofrida pela categoria no dia 30 de agosto de 1988. Duas datas que serão lembradas pela categoria, pela sociedade e por governantes do Estado, até porque os(as) educadores(as) do Paraná não vão se calar e deixar que a violência seja esquecida.
O ato reuniu cerca de 2 mil pessoas na Praça Santos Andrade, onde a Assembleia Estadual da Categoria foi realizada logo no início da manhã. Depois, os(as) educadores(as) seguiram rumo ao Centro Cívico. A caminhada, que levava cartazes relembrando o sofrimento da categoria nas duas datas históricas, foi mais uma ação de luta e muita resistência. O ato também simbolizou o luto pela educação pública que continua sofrendo ataques sistemáticos por parte do governo.
Os(as) educadores(as) fizeram um agradecimento aos(às) funcionários(as) da Prefeitura de Curitiba, que ajudaram a socorrer os(as) feridos(as) no dia 29 de abril. Balões em formato de coração foram deixados no gramado em frente ao prédio público, como uma forma de agradecimento pela ajuda e solidariedade em um momento de muita angústia.
O ato também contou com fogos de artifício, que relembraram as bombas jogadas contra categoria durante o massacre. 34 cruzes foram deixadas na rotatória do Centro Cívico, quase em frente à prefeitura, com os nomes dos(as) deputados(as) que deram às costas para a categoria. Certamente os(as) educadores(as) não vão deixam que eles(as), deputados(as) do camburão, caiam no esquecimento da população paranaense.
As músicas que simbolizam a luta contra a ditadura militar no Brasil fizeram parte do coro nas ruas. Afinal, atos que exemplificam o autoritarismo do governo – seja na época do 30 de agosto, de Álvaro Dias como governador do Estado, ou do 29 de abril, com Beto Richa à frente do executivo no Paraná – são repudiados por toda a categoria. “Caminhando e cantando e seguindo a canção. Aprendendo e ensinando uma nova lição”, palavras que mostram a luta diária dos(as) educadores(as) e a resistência aos ataques no dia a dia das escolas.
O educador Fernando Artigas, que era integrante do Conselho Deliberativo da APP no período em que ocorreu o 30 de agosto, relembra que a truculência, tanto a do governo da época, como a do atual, é inadmissível. “Realmente, após 27 anos que se passou a barbaridade do governo Álvaro Dias, Beto Richa repete a brutalidade defendendo a minora e não levando em consideração a necessidade da escola pública”.
Para o deputado estadual, Professor Lemos, o ato foi importante para relembrar os dois dias que a categoria sofreu com a violência da polícia. “São duas datas que rememoramos com tristeza, pois vimos massacres promovidos pelos governos, usando a polícia militar para fazer as agressões. O massacre do Beto Richa foi para que a proposta do governo não fosse contestada lá na Assembleia e que prevalecesse a sua vontade. A sua vontade foi feita em cima do sangue dos servidores”.
Para o presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Leão, a história se repetiu como tragédia no Paraná. “É o nosso dia de luto e de luta. Já é uma cultura da categoria desde 1992, em que agora o 30 de agosto, que já é uma data muito forte para nós, se reforçou com uma nova violência, uma nova tragédia, no mesmo local, o Centro Cívico”.
No final do ato, os(as) educadores(as) ouviram gravações de bombas, pedidos de socorro e apelo para que a polícia parasse de bater na categoria. Foi um momento de muita comoção, já que a violência das duas datas jamais deixará a história e a memória da educação pública do Paraná.