Em homenagem aos(às) educadores(as) que enfrentaram a força desproporcional do Estado por melhores condições e justiça nos dias 30 de agosto de 1988 e 29 de abril de 2015, o Núcleo Sindical Curitiba Sul lançará no dia 30 deste mês o livro “Memórias da Resistência”.
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O evento de lançamento ocorrerá um dia após o marco de dez anos do massacre de 29 de abril, no dia 30, na APP-Sindicato. Diversos personagens do livro estarão presentes, além de seus familiares e autoridades da política e do meio sindical.
Segundo o NS, a obra reúne depoimento de sessenta educadores(as)do Núcleo Sindical que participaram de momentos marcantes da categoria: os massacres de 30 de agosto de 1988, liderado pelo então governador, Álvaro Dias, e o de 2015, liderado pelo ex-governador Beto Richa.
“Vi meus colegas caírem ao meu redor, feridos, atordoados, alguns desmaiados. O barulho das bombas e dos tiros era ensurdecedor, e a nuvem de gás tornava a respiração quase impossível”, aponta um educador em trecho do livro.
A presidenta do Núcleo Sindical Curitiba Sul, Natália dos Santos da Silva, aponta que o projeto tem o objetivo de preservar a memória dos(as) trabalhadores(as) da educação que tomaram a frente da luta por valorização e fizeram história ao resistir contra o autoritarismo dos governos de Álvaro Dias e Beto Richa.
“O livro registra histórias e fotos de educadores(as) que estiveram presentes nos dias 30 de agosto de 1988 e 29 de abril de 2015. São educadores(as) que continuam lutando até os dias de hoje chamados e organizados pela APP. A ideia do livro é valorizar esses protagonistas da luta e de resistência, fazendo o registro para que outros educadores(as) tenham como referência, além de uma contribuição do Curitiba Sul para essa história da categoria”, aponta a dirigente.
Além dos relatos, o livro conta com o registro fotográfico dos participantes a partir das lentes do repórter fotográfico e comunicador popular, Joka Madruga.
“Esperamos que esta contribuição do Núcleo Sindical da APP-Curitiba Sul possa fortalecer a nossa luta tendo como exemplo estas protagonistas que lá estiveram fazendo a resistência e continuam na luta até o presente momento”, finaliza Natália.
Mobilização estadual
Com o objetivo de aumentar a pressão no governo Ratinho Júnior (PSD) para pagar a dívida da Data-Base, que acumula o índice de 47% de defasagem salarial, a categoria decidiu na última Assembleia Estadual, realizada no dia 12 de abril, por uma paralisação estadual no dia 29 de abril.
Além da cobrança por valorização salarial, a paralisação serve como memória dos dez anos do Massacre do Centro Cívico e também para atender as demais pautas da campanha salarial da categoria. A mobilização terá concentração às 9h, na Praça Santos Andrade, em Curitiba.
Para participar, os(as) trabalhadores(as) da educação podem entrar em contato com o Núcleo Sindical de sua região, que estará organizando as caravanas para o ato no dia 29 de abril.
Dez anos dos Massacre do Centro Cívico
O dia 29 de abril de 2015 é um dia histórico para os(as) trabalhadores(as) da educação pública do Paraná. Nesta data, centenas de professores(as) e funcionários(as) de escola ficaram feridos após serem alvejados com bombas de gás e balas de borrachas disparadas pela Polícia Militar.
A operação foi autorizada pelo então governador Beto Richa e seu secretário da Segurança Pública, Fernando Francischini, como forma de repressão a uma manifestação pacífica contra a retirada de direitos do funcionalismo público. A ação causou repercussão mundial e ficou conhecida como Massacre do Centro Cívico.