O auditório da sede estadual da APP-Sindicato, em Curitiba, recebe nesta sexta-feira (25) o lançamento do livro-reportagem “Sem intervalo para sorrir: Memórias de 29 de abril de 2015, o dia em que professores entraram em batalha para defender o ensino público”, de autoria da jornalista Louize Lazzarim. O evento começa às 18h30 e é aberto a todos(as).
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O livro reúne relatos inéditos de professores(as), funcionários(as) de escola, jornalistas e políticos sobre o “Massacre do Centro Cívico”. O fato, que está completando uma década neste ano, refere-se a uma operação violenta da Polícia Militar, realizada no dia 29 de abril de 2015, contra educadores(as) e servidores(as) públicos(as) de outras carreiras que protestavam em frente à Assembleia Legislativa do Paraná (Alep).
A autora conta que ouviu 21 pessoas para compor a obra. Entre os(as) entrevistados(as) estão o presidente da APP-Sindicato na época, professor Hermes Leão, o ex-governador do Paraná, Beto Richa, o ex-prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, além de trabalhadores(as) da educação que foram feridos(as) pela polícia durante a mobilização, policiais militares, um bombeiro e três jornalistas.
Segundo Louize, o livro colabora na criação de um mapa dos micro-acontecimentos que compuseram o massacre, com a ideia da simultaneidade. O ano letivo de 2015 se iniciou com diversos obstáculos à educação no estado. Estruturas físicas prejudicadas, falta de professores(as) temporários e atraso no pagamento dos(as) educadores(as) foram alguns dos motivos que movimentaram a categoria para uma possível mobilização.
Cenário de guerra
Em fevereiro de 2015, o ex-governador Beto Richa (PSDB) colocou em votação medidas que aumentavam os impostos, alteravam o regime de previdência dos(as) servidores(as) públicos e cortavam investimentos, entre outras medidas antipopulares. Acumulados os motivos, os(as) professores(as) entraram em greve e faziam acampamento em frente à Alep.
Os dias passaram e não houve um acordo do governo que atendesse as reivindicações da categoria, até que no dia 29 de abril, o governador Beto Richa autorizou a operação policial para impedir o acesso das pessoas à Alep para acompanhar a votação do “pacotaço” contra os(as) servidores(as).
A repressão violenta e desproporcional transformou a praça pública em um cenário de guerra que resultou em mais de 200 feridos(as). Os policiais avançaram contra a multidão com uso de bombas e tiros de bala de borracha, agressões com cassetete e jatos de spray de pimenta. A ação ocorreu de forma ininterrupta durante mais de uma hora.
Enquanto um(a) professor(a) era baleado, outro(a) fugia dos(as) policiais. Em outro ponto do Centro Cívico, um jornalista que fazia a cobertura da manifestação foi mordido na perna por um cachorro da PM. Segundo informações apuradas pela imprensa, o prédio da prefeitura de Curitiba foi esvaziado para atendimento dos(as) feridos(as). A sede do Tribunal de Justiça também foi utilizada para primeiros socorros. Uma creche localizada nas proximidades foi atingida e precisou retirar as crianças às pressas. Seis escolas da região suspenderam as aulas.
“É urgente não esquecer. Muitos dos professores e funcionários que tomaram parte do 29 de abril de 2015 traziam na memória o exemplo das lutas anteriores, como o 30 de Agosto de 1988. E é nesse sentido que essa obra ganha uma relevância imensa: a de compartilhar a dor e a revolta, mas também a coragem dos que estiveram no Centro Cívico”, comenta Fabiano Stoiev, professor de História do Colégio Estadual Bento Munhoz da Rocha, um dos personagens do livro-reportagem.
Lançamento
“Sem intervalo para sorrir” é resultado do trabalho de conclusão do curso de Louize como estudante do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Paraná. Ela conta que o tema foi escolhido durante o período que foi estagiária na Secretaria de Comunicação da APP-Sindicato, onde teve a oportunidade de também conhecer as lutas e pautas dos(as) educadores(as) em defesa da escola pública de qualidade para todos(as).
O evento de lançamento será mediado pelo jornalista Luis Lomba. As pessoas presentes poderão fazer comentários e perguntas para a autora. No decorrer da atividade, também haverá leituras de alguns dos trechos do livro-reportagem. A sede estadual APP-Sindicato está localizada na Avenida Iguaçu, 880, bairro Rebouças.
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