Justiça por Lindolfo! Julgamento do assassinato de jovem professor camponês LGBT será em abril

Justiça por Lindolfo! Julgamento do assassinato de jovem professor camponês LGBT será em abril

Júri popular está marcado para o dia 18 de abril, quase dois anos após o crime, que ocorreu em São João do Triunfo

Foto: Divulgação

O caso do assassinato brutal do jovem professor camponês LGBT Lindolfo Kosmaski deve ir a júri popular no dia 18 de abril, em São João do Triunfo, região Sul do Paraná. Lindolfo foi morto no dia 1º de maio de 2021, aos 25 anos, em um crime com indício de homofobia.

O acusado está preso desde o início do processo. Para a acusação, não há dúvidas de que se trata do autor do crime, já que mentiu por diversas vezes ao longo do processo e escondeu um suposto envolvimento amoroso com a vítima. O julgamento terá momento em que acusação, representada pelo Ministério Público e pela assistente de acusação, e a defesa ouvirão as testemunhas e o acusado.

A expectativa é de que o acusado seja condenado por homicídio triplamente qualificado, por motivo fútil, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. Para Micheli Toporowicz, advogada assistente de acusação que representa a vítima, é importante que a pena seja adequada à crueldade com que o crime foi cometido, demonstrando assim que a sociedade não aceita e repudia tamanha violência.

Lindolfo teve seu corpo totalmente carbonizado, com a intenção de ocultar provas. Para a acusação, a crueldade do assassinato comprova que se trata de crime de ódio contra uma pessoa LGBT.

Familiares, amigos, colegas de trabalho de Lindolfo, e outras instituições se organizam em um ato em São João do Triunfo para acompanhar o júri, no dia 18.

Vida de Lindolfo

Lindolfo nasceu no dia 11 de setembro de 1995, no município de São João do Triunfo, no Paraná, em uma comunidade camponesa de pequenos agricultores(as), chamada Coxilhão de Santa Rosa.

Sempre muito estudioso, em 2014 após terminar o ensino médio, participou da Jornada de Agroecologia na Escola Milton Santos (EMS), que é um centro de formação do MST, no município de Maringá. Também tinha o sonho de cursar Medicina. Foi para Escola Latina Americana de Agroecologia (ELAA), na Lapa (PR).

Em 2015 estudou no curso de Licenciatura em Educação do Campo, Ciências da Natureza com ênfase em Agroecologia em parceria com a ELAA e a UFPR/Setor Litoral. Neste período se reconhece como gay e começa a participar do Coletivo LGBT do MST.

Em 2018, ao concluir o curso volta para sua comunidade, em São João do Triunfo, e continua os estudos no Programa de Pós-graduação em Ciências e Matemática, na Universidade Federal do Paraná. Dois anos depois, em 2020, concorre a vereador pelo Partido dos Trabalhadores (PT) no município, para tentar contribuir com a sua comunidade. Nesse período também atuava como professor da Rede Estadual de Ensino do Paraná em quatro escolas.

 

Para o Coletivo LGBT Nacional do MST, Lindolfo se tornou um símbolo de luta. “Nós vamos seguir lutando pela causa que ele lutou”, afirmou Alessandra Mariano, da coordenação do Coletivo LGBT Nacional do MST no ato de 2022, que reuniu 200 pessoas um ano após o assassinato.

Homofobia mata

O assassinato do Lindolfo não é um caso isolado. Segundo levantamento do grupo Acontece Arte e Política LGBTI+ e Grupo Gay da Bahia, divulgado no dia 14 de maio, em 2020 houve o registro de 237 mortes violentas de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.

Foram 224 homicídios (94,5%) e 13 suicídios (5,5%), e aumento de travestis assassinadas. Ao todo, 161 travestis e mulheres transsexuais (70%), 51 gays (22%), 10 lésbicas (5%), 3 homens transsexuais (1%), 3 bissexuais (1%) e 2 homens heterossexuais confundidos com gays (0,4%).

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