Jornada Continental pela Democracia Contra o Neoliberalismo

Jornada Continental pela Democracia Contra o Neoliberalismo


Uma contundente manifestação contra a repressão aos movimentos sociais e o retrocesso marcou a atividade da Jornada Continental pela Democracia e Contra o Neoliberalismo, realizada nesta sexta-feira à tarde, na Câmara Municipal de São Paulo. Animados por apresentações folclóricas bolivianas, enfrentando o frio e a garoa, lideranças sindicais, feministas e juvenis somaram suas vozes, afirmando em uníssono a determinação de derrotar a direita: “fascistas não passarão!”.

Os dirigentes fizeram suas intervenções em um mini palco rodeado por faixas e cartazes de solidariedade ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), um banner de Hugo Chávez, bandeiras da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Confederação Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas (CSA) e da Confederação Sindical Internacional (CSI). Em meio às palavras de ordem contra o neoliberalismo e o imperialismo, a defesa da integração regional e da complementaridade das nossas economias como resposta aos descaminhos privatistas da desintegração e da capitulação.

Para a secretária operativa da Rede Jubileu Sul, Rosilene Wansetto, a melhor resposta aos ataques é a unidade. “Por um lado temos a violência do Estado, com ameaças e prisões como as que ocorreram hoje pela manhã na Escola Florestan Fernandes, do MST. Por outro, temos uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) como a 241, agora transformada em PEC 55, com a qual Temer quer nos retirar direitos. Nós vamos fazer este governo golpista tremer na base”, destacou.

Membro da coordenação nacional do MST, João Paulo Rodrigues denunciou que a polícia entrou sem mandado na Florestan Fernandes, mas que, graças ao enfrentamento dado pela militância que estava na escola e à solidariedade dos movimentos sociais de todo o mundo, a repressão teve de recuar. Para João Paulo, a Jornada Continental aponta para três disputas importantes: “a luta contra a retirada de direitos, e cito como exemplo as consequências gravíssimas da PEC 55; a luta pela soberania nacional em torno dos recursos naturais estratégicos e a defesa da integração dos povos, dizendo não à submissão aos EUA; e a luta contra a criminalização dos movimentos sociais”.

João Felicio, presidente da CSI, destaca papel da unidadeSolidário ao MST, o presidente da CSI, João Antonio Felicio, destacou que “quando se tem luta ousada e aguerrida, se coloca o outro lado na defensiva” e também elogiou a juventude pelas ocupações de estabelecimentos de ensino em todo o país. O que o desgoverno Temer está buscando, advertiu o presidente da CSI, “é o enxugamento do Estado para que o mercado imponha suas alternativas automaticamente”. “A concepção neoliberal que contaminou o judiciário e a imprensa é extremamente maléfica, significa a radicalização da entrega do pré-Sal, o desmonte do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal, a internacionalização da  terra”, condenou. Na avaliação do presidente da CSI, “o desafio que está colocado é voltar a termos hegemonia na sociedade brasileira e, para isso, precisamos construir um espaço que nos aglutine, com muita unidade interna e grandes mobilizações de massa”.

Representando a Internacional dos Serviços Públicos (ISP), Junéia Batista lembrou que a Jornada representou “um ato de resistência da região, que se levanta contra um pacote inaceitável de medidas, que retira direitos da classe trabalhadora e de amplos setores da sociedade para beneficiar uma pequena elite”. “Por isso que está se gestando uma greve geral em nosso país, que espero que seja vitoriosa”, frisou.

Dirigente da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Gustavo Marsaioli denunciou o que representa o aprofundamento do neoliberalismo em um setor estratégico, “como é o energético, para a soberania e o desenvolvimento nacional”. “Antes de descobrirmos o pré-Sal o Brasil tinha a 15ª maior reserva petrolífera do mundo e hoje estamos entre a quinta e a terceira. Po João Paulo Rodrigues denunciou a truculência policial contra o MSTr outro lado, os EUA é o maior produtor e o maior consumidor, mas tem a 14ª reserva, por isso tem uma necessidade muito grande de se apossar das riquezas dos outros. Precisamos estar unidos e mobilizados para defender o que é nosso”, enfatizou.

Liderança do Levante Popular da Juventude, Bia condenou “o retrocesso articulado pelo imperialismo para acabar com os movimentos sociais”. No setor educacional, alertou, “o golpe tem seu braço na Lei da Mordaça, na escola sem partido, e na PEC que retira recursos do ensino público, que congela verbas do financiamento estudantil”. “Mas a juventude está dando a resposta com mais de mil escolas ocupadas, com mais de 60 universidades ocupadas, se insurgindo contra um juiz que legitima a tortura, contra uma polícia que desocupa os estabelecimentos de ensino com violência”, acrescentou.

De acordo com o haitiano Patrick H., migrantes e refugiados travam uma luta diária pela sobrevivência, “pois no Brasil, uma pequena elite que acumulou recursos para 15 gerações destrata quem chega, na ânsia de manter seus privilégios intocados e manda a polícia mandar bala na periferia”.

Rafael Freire, da CSA, sublinha o êxito da Jornada ContinentalCoordenadora da Marcha Mundial das Mulheres, Nalu Faria recordou o papel da luta contra o patriarcado, as transnacionais e o neoliberalismo para a emancipação feminina, fundamental para a conquista da liberdade dos povos. E ressaltou: “Sempre falamos que é preciso mudar a vida das mulheres para mudar o mundo, mulheres que são vítimas de uma múltipla dominação”.

Secretária de Mobilização e de Relação com os Movimentos Sociais da CUT, Janeslei Aparecida Albuquerque recordou que “nossa central denunciou que havia um golpe em marcha e estão aí projetos de lei como os que impõem o negociado sobre o legislado e a retirada dos sindicatos da mesa de negociação, aí está a tentativa de desmoralização da Petrobrás para depois tentar leiloar a preço vil”. Diante de tantos e tamanhos ataques contra a classe trabalhadora, Janeslei defendeu que a Jornada Continental sirva para “manter viva a esperança, não a que espera, mas a que luta!”.

Em nome da CSA, Rafael Freire Neto citou a extensa lista de países mobilizada pela Jornada, destacando o êxito da estratégia de unificar a agenda, aprovada pelos movimentos sociais no ano passado, em Havana. “Acima de tudo assumimos uma luta dura e firme contra o neoliberalismo, contra os Tratados de Livre Comércio (TLCs) que visam liquidar com a nossa soberania e acabar com os nossos serviços públicos”, declarou. Para Rafael, “a Jornada deixou claro que estamos em pé e com disposição de luta”. Diferente dos anos 90, em que o ataque do neoliberalismo foi arrasador, analisou, “agora temos movimentos muito mais preparados e unidos em uma agenda comum”. “A esquerda não pode estar dispersa, temos de unir a agenda da classe trabalhadora, feminista, juvenil, estudantil. Nós queremos a América Latina como território de paz, não queremos bases na Tríplice Fronteira nem na Patagônia. Nossa opção é pela integração e pela complementaridade. Venceremos!”, concluiu.

Fonte: CUT.org.br

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