O tão propagado diálogo não existiu durante a reunião nesta manhã (27), entre a APP-Sindicato e governo do Paraná, no Palácio Iguaçu. O tempo chuvoso foi um cenário típico para contemplar o encontro. Uma chuva de imposições governamentais nos critérios apresentados na Resolução 113/2017 – ou melhor – na Resolução da Maldade, prometem prevalecer sem considerar a importância do papel que o(a) professor(a) exerce na sociedade.
Não teve negociação. Os(as) educadores(as) presentes Hermes Silva Leão, Walkiria Olegário Mazeto, Marlei Fernandes de Carvalho, Elizamara Goulart Araújo, Nádia Aparecida Brixner, Rodrigo Tomazini, Luiz Paixão Rocha e Celso José dos Santos, além do economista Cid Cordeiro e do deputado estadual Professor Lemos, presenciaram um clima de tensão e desacordos. O chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni (PSDB), foi taxativo ao dizer que as questões da hora-atividade e das aulas extraordinárias serão implantadas. “É uma decisão. Não vão existir avanços nestes aspectos”. E ameaçou: “aviso que se os professores entrarem em greve, os salários serão descontados, e não adianta reivindicar depois”, afirmou Rossoni, sugerindo que a APP se “some” ao governo para resolver as questões dos atrasados – promoções e progressões – e que somente irá ocorrer após o início “normal” das aulas.
Não é mais um anúncio, virou realidade canalizada pelo governo. Para a jornada de 20 aulas, 5 serão para hora-atividade, que equivale a 3/4 de aulas e 1/4 de hora-atividade. Com esta catástrofe, cada professor(a) passará a ter duas horas a menos de hora-atividade. Para 2017, tornam-se proibidas a atribuição das aulas extraordinárias aos(às) professores(as) e PSS afastados(as) por licença, por 30 dias ou mais, em 2016. A distribuição também terá como referência, o maior tempo de exercício em instituição de ensino, nos últimos cinco anos, e com menos dias de afastamento.
Este é o quadro do magistério público frisado por Rossoni, ironizando ainda, que existe diferença na matemática do governo e da APP para calcular os critérios estabelecidos, mesmo sendo algo exato.
O presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Silva Leão, mostrou a indignação que a categoria está tendo a respeito da resolução e das atitudes do governo com a educação. “Em pleno período de férias, nossa pauta é de luta pela defesa dos nossos direitos e por debate. Quando não vencemos, vamos enfrentando as situações na justiça. O esforço é conjunto”, disse Hermes, destacando que o governo mantém uma intransigência e uma irregularidade na forma de distribuição de aulas para o ano letivo. “O governo inicia o ano letivo com os professores indignados e uma educação com problema de qualidade”, enfatizou.
A APP lembra que a realidade é originária de um amplo debate, de um compromisso assumido anteriormente pelo governo, e que agora os direitos estão sendo destruídos pela resolução que está em curso. O(a) professor(a) exerce um direito legal e será punido(a).
A secretária Educacional da APP, Walkíria Olegário Mazeto, reforçou que a hora-atividade faz parte da qualidade da educação, e que existe uma regulação dentro do Estado, um bom senso, de que não aplique uma única avaliação bimestral ao estudante. “É algo periódico, constante, ou seja, menos de um minuto semanal para corrigir cada atividade do estudante. O tempo para preparar a aula envolve pesquisa. Nessa pesquisa e trabalho foi construída a resolução atual, que mostra exatamente a jornada. Precisamos pensar quanto tempo o professor precisa na escola para não ter que levar as tarefas para casa. Essa é a nossa defesa”, esclarece Walkíria.
Greve ou não – Respondendo aos questionamentos se vai ou não ocorrer uma greve da categoria, ao final da reunião, o sindicato comunicou e convocou a todos(as) para participar da assembleia no dia 11 de fevereiro, em Maringá (PR). A análise dos(as) representantes da APP é de que ocorreu um verdadeiro monólogo, com afirmações de que o governo não voltará atrás em sua decisão. Já a categoria decidirá coletivamente o futuro das mobilizações.
Reivindicar é fundamental. A educação e a categoria são prioridades da APP, enfatizando que a luta não recai apenas nos salários – como afirmou equivocadamente Rossoni, são muitas outras demandas da entidade em busca de melhorias.
Ato dos(as) servidores(as) – a APP também convoca educadores(as) para participar de um ato juntamente com outras categorias na Assembleia Legislativa do Paraná. Será na próxima quarta-feira (01), às 13 horas.