Intimação de Roni Miranda pelo Tribunal de Contas ganha espaço na principal coluna política do país

Intimação de Roni Miranda pelo Tribunal de Contas ganha espaço na principal coluna política do país

Coluna Painel da Folha de S. Paulo registra que secretário da Educação terá que explicar falhas no programa que privatiza escolas públicas

A intimação do secretário estadual de Educação, Roni Miranda, para prestar esclarecimentos ao Tribunal de Contas do Paraná sobre o programa Parceiro da Escola chegou à coluna Painel da Folha de S. Paulo. Uma das mais lidas do Brasil, a coluna desta segunda-feira (25) trata da intimação feita pelo conselheiro Fábio Camargo.   

A coluna informa que Camargo determinou a suspensão de novas contratações pela Secretaria de Estado da Educação (Seed) no âmbito do programa. A medida cautelar concedida por Camargo no dia 14 de novembro será analisada pelo plenário do Tribunal na próxima quarta-feira (27), diz a coluna.

A decisão de Camargo se deu em análise de representação apresentada pelo deputado estadual Professor Lemos, que apontou irregularidades no Parceiro da Escola.

“Camargo quer que sejam esclarecidos pontos como o uso da modalidade de credenciamento, a ausência de previsão orçamentária, a falta de estudo técnico preliminar, a ausência de justificativas para as exigências técnicas apresentadas e a falta de fiscalização dos órgãos de controle interno”, registra a coluna.

Na decisão, o conselheiro afirma que o programa não “demonstra a garantia de alimentação adequada aos alunos, uma política voltada aos mais carentes e, principalmente, há uma invasão ao aspecto pedagógico, o que não pode ser transferido para a iniciativa privada”.

O conselheiro também afirma que a iniciativa privada busca lucro e que isso é incompatível com o setor público, que possui a “finalidade de atender todos de forma indistinta”. “E é nesta linha que se mostra a seleção das escolas ‘escolhidas’ para o programa governamental, via de regra, situadas em áreas centrais, em locais de baixo custo de manutenção, sendo notoriamente as que atendem o lucro empresarial, fator que comprova a insubsistência do programa e sua inviabilidade para Escolas de baixa densidade.”

“Em resumo, temos a afronta a igualdade de condições; burla ao ingresso do serviço público por meio de concurso público, sendo incompatível a utilização de sistema híbrido para o exercício da mesma função, sob pena de dano ao erário público; vedação à terceirização do sistema pedagógico, ato inerente ao Poder Público; ausência de garantia ao fornecimento de alimentação adequada aos alunos; incompatibilidade do lucro, fator inerente à atividade privada, ao sistema de Ensino da Rede Pública”, afirma Camargo na decisão cautelar.

Pressão

A Folha de S. Paulo publicou no domingo (24) matéria da repórter Catarina Scortecci sobre o Parceiro da Escola. O subtítulo destaca: “Sindicato questiona custos e educador demitido relata pressão para aprovar alunos”.

O texto traz uma crítica da presidenta da APP, Walkiria Mazeto, ao fato de o número de professores concursados ter diminuído nas duas escolas-piloto do programa. “Quando um concursado pede para ser transferido, a empresa pode contratar quem quiser para o lugar dele, mas com um salário inicial mais baixo”, afirma Walkiria.

A matéria cita levantamento da APP mostrando que no início eram 26 professores concursados nas duas escolas e 76 contratados pela CLT. Agora são apenas seis concursados e mais 90 contratados pelas empresas.

O jornal afirma que um professor que trabalhou em um dos colégios-piloto no ano passado denuncia que educadores teriam sido pressionados para alterar notas e faltas de alunos. O objetivo seria elevar os números do Ideb nos colégios privatizados. 

“No dia 19 de dezembro de 2023, fizemos um conselho de classe porque tinham 44 alunos reprovados e eles (direção da escola) foram claros em dizer que era preciso resolver isso, porque a escola era uma vitrine do projeto-piloto”, relata o professor de filosofia Edson Mosko.

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