Um levantamento elaborado pelo portal de notícias g1 mostra queda de 74% na procura por licenciaturas em universidades públicas do Paraná nos últimos seis anos. O desinteresse dos(as) jovens pelos cursos que formam novos(as) professores(as) coincide com o calote no pagamento da data-base dos(as) servidores(as) estaduais, desde o governo Beto Richa (PSDB), e a intensificação dos ataques aos(às) profissionais da educação durante a gestão Ratinho Jr. (PSD).
Organizada pela APP-Sindicato, a categoria tem feito a denúncia e a resistência contra esse contexto que, segundo especialistas, pode provocar um apagão de professores(as). Na primeira Assembleia Estadual realizada neste ano, os(as) educadores(as) aprovaram um conjunto de pautas para reforçar a luta e avançar na conquista de direitos que garantam valorização profissional e melhores condições de trabalho.
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Uma das propostas é a equiparação salarial entre professores(as) e outros(as) servidores(as) com exigência de nível superior para ingresso no serviço público. De acordo com a presidenta da APP, Walkiria Mazeto, a demanda se faz urgente e necessária porque a tabela do magistério apresenta uma defasagem de até 70%, entre o início e o final da carreira, quando comparada com a de outros(as) trabalhadores(as) do governo.
“Hoje, o valor final do QPPE é de R$ 16,9 mil. Na nossa tabela, se a gente considerar o final do nível 3 para 40 horas, é de R$ 11,7 mil. Além disso, eles conseguem chegar ao final da carreira só com o curso superior, mas para nós chegarmos ao salário de 11 mil, temos que fazer especialização, PDE e todos os anos das progressões”, explica.
O pagamento da dívida de 34% referente a data-base até o final da gestão Ratinho Jr. é outra demanda. O índice representa o acumulado da inflação anual que não foi repassado aos salários desde 2017.
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Para a presidenta da APP, a campanha salarial e a Jornada de Lutas deste ano expressam o descaso do governo com a educação pública e com a vida dos(as) professores(as) e, ao mesmo tempo, denunciam as condições que têm provocado o desestímulo dos(as) novos(as) universitários(as) em relação às formações para atuar na sala de aula.
“Esse salário, as condições de trabalho, a forma como está organizada a escola e a vida funcional, não são mais atrativos para que a juventude tenha o sonho de ser professora ou professor. Hoje, infelizmente, tem profissões dentro do próprio governo do Paraná que exigem menos escolarização e pagam uma remuneração maior do que o professor recebe pelo trabalho que executa”, diz.
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Apagão de professores(as)
De acordo com a pesquisa realizada e divulgada pelo g1, o número de candidatos aos cursos de Matemática e Letras foi 13.574. Em 2023, a quantidade despencou para 3.540. Os dados consideram a quantidade de inscritos nos vestibulares e no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) nos dois cursos em 11 universidades públicas do Paraná.
Especialistas em educação ouvidas pela reportagem afirmam que a baixa remuneração e as condições de trabalho são motivos que têm afastado o interesse dos(as) jovens pela carreira docente. “A remuneração não atrai. Os jovens não enxergam como uma perspectiva de futuro”, disse Sandra Garcia, que atua no Departamento de Educação da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
Para a coordenadora do vestibular da UEL, Sandra Garcia, o problema tem se intensificado há algum tempo e pode provocar a falta de professores(as) para suprir a demanda das salas de aula. “A gente pode correr o risco de um ‘apagão’ de professores. Isso vem se construindo há algum tempo, principalmente em algumas disciplinas. Hoje criam plataformas e conteúdos que não são base da formação do professor, quando, na verdade, isso representa uma desvalorização do profissional”, afirmou ao g1.
>> Leia a íntegra da reportagem do g1: Em seis anos, procura por cursos de licenciatura cai 74% em universidades públicas do Paraná
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