Imposição de plataformas digitais agrava exclusão de estudantes com deficiência na rede estadual

Imposição de plataformas digitais agrava exclusão de estudantes com deficiência na rede estadual

Debate em audiência pública resultou na criação de um grupo de trabalho que vai intensificar estratégias visando ampliar o acesso à educação especializada no estado

Foto: Lucas Fermin / Seed

Educadores(as), especialistas, autoridades, famílias e pessoas com deficiência participaram, nesta quinta-feira (25), de uma audiência pública sobre os desafios e a necessidade de ampliar o acesso ao Atendimento Educacional Especializado (AEE) na educação pública do Paraná.

Durante o evento, realizado pela Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), a secretária-executiva Educacional da APP Sindicato, Margleyse Adriana dos Santos, relatou a luta feita pelo sindicato nesta pauta e comentou sobre as medidas adotadas pelo governo que resultam em falta de condições de trabalho para os profissionais e exclusão para os(as) estudantes especiais.

De acordo com a dirigente, na rede estadual há dificuldade para conseguir os laudos dos(as) alunos(as) e, quando conseguem o documento, o(a) estudante fica em salas superlotadas. Ela cita como exemplo os(as) autistas e os(as) que precisam de intérpretes de libras.

Secretária-executiva Educacional da APP Sindicato, Margleyse Adriana dos Santos – Foto: Valdir Amaral/Alep

Plataformização

Margleyse acrescenta como agravante o uso das plataformas digitais. Segundo a professora, muitos(as) alunos(as) não conseguem fazer as atividades através do recurso tecnológico. “Hoje os professores estão tão voltados às plataformas que nem conseguem olhar para os alunos e saber de que maneira eles estão aprendendo ou se eles estão aprendendo. Então a cada dia a nossa escola pública está se tornando um espaço de exclusão”, alertou.

Ela também relatou a falta de capacitação para os(as) professores(as) e que, com a implantação da sexta aula, os(as) intérpretes estão ficando em sala mesmo não recebendo por aquela aula a mais.

Outro problema denunciado pela dirigente é a normativa da rede de ensino estadual em que os(as) profissionais que acompanham os(as) autistas exercem a atividade de forma itinerante, podendo atuar com vários alunos(as) no mesmo colégio ou em outras unidades. De acordo com Margleyse, quando esses(as) educadores(as) precisam apresentar atestado médico, não há substituição, e o governo deixa o(a) estudante sem o atendimento especializado.

“Então, hoje a gente vê a grande dificuldade do Estado entender o que é a educação inclusiva. Por isso, estamos na luta para conseguir uma escola pública de qualidade e inclusiva. Mas não é só a APP que tem que estar na luta, mas toda a sociedade. Para que a escola inclua e não exclua, precisamos que as pessoas tenham consciência de que não somos todos iguais e que cada um tem sua especificidade e precisa de um atendimento especializado”, concluiu.

:: Leia também: Plataformas do atraso | Artigo de Luiz Fernando Rodrigues

Foto: Valdir Amaral/Alep

Encaminhamentos

Proposta pela deputada estadual Ana Júlia (PT) e pela vereadora de Curitiba, Professora Josete (PT), a audiência pública definiu a criação de um grupo de trabalho com vários representantes para intensificar estratégias para o Atendimento Educacional Especializado (AEE) no estado.

O AEE é uma modalidade de ensino que promove o acesso e condições para uma educação de qualidade. A função é identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas.

Participantes

Também participaram dos debates e construção de propostas da audiência, a presidente da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (UPES), Mariana Chagas, a coordenadora do Núcleo de Apoio a Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE), Flávia Manuella de Almeida Ksiaszczyk, a diretora do Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba, Adriane Alves da Silva, a pedagoga da educação especial no Colégio Estadual do Paraná e docente na rede municipal, Ingrid Adam, o presidente da Associação dos Pais e Amigos de Excepcionais (APAE), Paulo Roberto Michelon, a secretária-geral do Sindicato dos Servidores Municipais (SISMUC), Loide Ostrufka, a promotora de Justiça do Centro de Apoio da Criança e Adolescentes, Beatriz Spindler de Oliveira Leite, e a fundadora da Associação Paranaenses da Síndrome de Williams (APRSW), Luciana Milcarek.

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