Hip Hop transforma escola

Hip Hop transforma escola


A maior escola pública de Cornélio Procópio – o Colégio Estadual Castro Alves – está de cara nova: desde o último sábado, quando ocorreu a I Feira do Pátio, grafiteiros coloriram um dos prédios da instituição, tornando o ambiente mais alegre e aproximando-o de uma cultura que é adotada por grande parte dos estudantes, o hip hop. Mais de 300 estudantes participaram do evento que trouxe, além de grafiteiros, apresentações de dançarinos de break, MCs, skatistas, palestras, arrecadação de alimentos e um bazar para angariar fundos para a escola.
“A cultura hip hop faz parte do cotidiano dos nossos alunos, mas, ela ainda é mal vista pela sociedade. Nosso objetivo é mostrar a beleza e a riqueza dessa manifestação artística. A escola abraça essa cultura, que é a forma como nossos estudantes se expressam”, explica o diretor auxiliar do colégio, Dennis Willian Nori.

Segundo o diretor, os desenhos de grafite no prédio revitalizaram o pátio da escola. “O grafite é uma expressão artística, e não simplesmente uma pichação, que seria a depredação do patrimônio público. O grafite tem harmonia, utilização inteligente de cores, é alegre, trazendo elementos da cultura de rua para revitalizar o espaço do colégio, deixando o ambiente com a cara dos nossos estudantes”.

O evento se transformou em uma forma de aprendizado. Nas conhecidas batalhas de MC´s (cantores de rap que se desafiam por meio de rimas), temas polêmicos foram abordados nas canções, como aborto, racismo e política. “O público sugeriu esses temas e os rappers improvisaram sobre eles, o que acabava gerando debate entre os alunos”, conta Nori. Participaram das batalhas de rap e de dança tanto os estudantes do colégio, como outros jovens da comunidade. O estudante do 1º ano do ensino médio, Luís Felipe, se apresentou com seu grupo de break. “É um espaço muito bom para mostrarmos nossos talentos, já que existem tão poucas oportunidades na cidade.”

Nas palestras, MCs falaram de experiências de superação e a forma como o hip hop os ajudou a não se envolver com a criminalidade e as drogas. Também foi abordado o papel da mulher dentro dessa cultura. “São questões presentes no cotidiano da periferia. Por isso, é importante mostrar aos jovens que a cultura é uma ponte de inserção na sociedade”, diz Nori.

Para a professora de Artes do Colégio, Adriana Staiger, o sucesso do evento se deu por conta da liberdade de expressão. “É essencial que a escola não seja uma instituição repreensiva, mas que abra espaço para que o aluno possa se expressar. Precisamos permitir que eles utilizem da melhor forma possível o espaço escolar. O hip hop é uma manifestação que merece respeito, pois questiona, mostra a realidade social. Se ouvirmos as canções de rap dos alunos, percebemos que elas retratam o dia a dia deles de uma forma muito inteligente.”

O evento foi promovido em parceria com a CrewAtividades. Foram arrecadados mais de 100 quilos de alimentos, que serão doados ao Abrigo Bom Pastor. A renda do “garage sale”, um bazar de utensílios, cujos objetos foram arrecadados entre os professores, será revertida à Associação de Pais, Mestres e Funcionários (APMF) da instituição.

Fonte: Folha de Londrina

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