Heroínas Negras Brasileiras: encontro reuniu educadores(as), sexta (21) e sábado (22), na APP

Heroínas Negras Brasileiras: encontro reuniu educadores(as), sexta (21) e sábado (22), na APP


Foto: Fabiane Burmester

Final de semana marcado pelo Encontro Estadual Heroínas Negras Brasileiras, que aconteceu sexta (21) e sábado (22), na sede da APP-Sindicato, em Curitiba (PR). Da decoração aos pronunciamentos dos(as) participantes – educadores(as) e representantes dos movimentos de mulheres negras -, a emoção e o envolvimento contagiante marcaram presença e leveza durante o evento.

O lançamento do livro “Heroínas Negras Brasileiras em 15 Cordéis”, de Jarid Arraes, abriu a programação envolvente e seguida por debates alusivos à importância da representação negra na história e na literatura. Relatos da vida real e a criatividade elucidaram as oficinas de Cordel e de Contos e Poesias. Entre as atividades, os(as) participantes escreveram trechos e relatos sobre as mulheres negras. Dinâmicas para a leitura de fragmentos do livro de Jarid Arraes aproximaram ainda mais os(as) presentes com a escritora e também com diversas obras literárias.

A secretária de Gênero, Relações étnico-raciais e Direitos LGBT da APP, Elizamara Goulart Araújo, retrata a importância de se fazer um encontro voltado para a realidade vivida por mulheres negras. “A ideia do encontro surgiu no ano passado e a escolha do mês foi proposital justamente porque dia 25 de julho é o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha. No Brasil, também é Dia de Tereza de Benguela. Assim, as entidades organizadoras decidiram fazer um debate amplo chamado de Julho das Pretas. O livro lançado junta 15 cordéis publicados por uma escritora jovem e dinâmica. Fizemos uma noite de autógrafos e vernissage lembrando a década de 90. Prosa e poesia trazem beleza para a vida em um cenário tão difícil que estamos vivendo no Brasil. Um olhar político, crítico, literário e das condições das mulheres negras”, ressalta Elizamara.

O encontro e a importância para conscientizar cada vez mais a sociedade

Angela Elizabeth Sarneski, coordenadora do Coletivo de Combate ao Racismo da APP – “Momentos como o lançamento do livro e a comemoração ao dia 25 de julho são prazerosos. Contar com educadores e educadoras, pessoas dos movimentos sociais e mulheres negras é muito importante. O evento também marca 70 anos da APP e mais de 20 anos da sua Secretaria de Combate ao Racismo, além de 10 anos da Rede Mulheres Negras – PR. A demanda de combater o racismo e a violência contra a mulher é necessária, ainda mais sendo pela educação. Aqui no Paraná, o movimento negro trouxe a demanda para a APP, que, em parceria, iniciaram esse combate. É fundamental resgatarmos parcerias, assim como a que temos com o Núcleo de Estudos Negros (NEN), de Florianópolis, para construir um mundo sem violência e com igualdade. Temos que combater o governo golpista contra a retirada de direitos, pois todo mundo é atingido. Mas, nós mulheres negras, somos as primeiras da lista na hora da demissão, por exemplo”.

Aparecida Reis Barbosa, secretária de Formação da CUT-PR – “O encontro traz temas imprescindíveis de visibilidade e também para que as pessoas se empoderem sobre a questão das heroínas negras brasileiras. Marca uma etapa fundamental do movimento sindical e popular, justamente por ser uma atividade integrada. As mulheres escrevem, produzem e são lideranças importantes, porém, muitas vezes ficam invisibilizadas e nas gavetas. As oficinas trouxeram esse resgate. Estamos juntos em um projeto de sociedade que pressupõe a solidariedade de classe como método nesta conjuntura de retrocessos”.

“Heroínas Negras Brasileiras em 15 Cordéis”

 Entre sorrisos e autógrafos, uma conversa com Jarid Arraes:

A iniciativa do livro – “O livro surgiu a partir de 20 cordéis contando a biografia de mulheres negras. Iniciei a pesquisa há quatro anos. Comecei a cavar trabalhos acadêmicos e conversar com pessoas das regiões que essas mulheres viveram para saber como elas as enxergavam. Recebi mais sugestões de novos nomes e de lugares do Brasil. Assim, transformei em uma coletânea com 15 poesias cordéis, levando em consideração a diversidade dentro desse próprio grupo de mulheres negras, de todas as regiões e períodos históricos diferentes”.

Reflexos para a vida – “A importância, no meu caso pessoal, é saber quanta diferença poderia ter sido feita se tivesse tido acesso enquanto era criança e adolescente. Hoje, também por saber que os meus cordéis são usados nas escolas para fazer atividades. Os professores fizeram isso individualmente, mesmo quando as escolas não davam apoio financeiro. Ou seja, os professores sempre foram os maiores apoiadores de todo o meu trabalho. É inspirador saber que chego nas escolas pelas histórias que precisam ser conhecidas pela importância social e coletiva. É algo que vai trazer transformação para as crianças que precisam de referências de pessoas negras, que vão se reconhecer como heroínas que conquistaram coisas para o Brasil e trouxeram um marco positivo para a nossa história”.

O Encontro Estadual foi realizado pela APP-Sindicato, Central Única dos Trabalhadores do Paraná (CUT-PR), Núcleo de Direitos Humanos da Pontifícia Universidade Católica (PUC-PR) e Rede de Mulheres Negras do Paraná. Lembrando que os(as) participantes presentes durante os dois dias de atividades vão receber certificação digital, de 12 horas, pela PUC-PR.

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