Em tom de provocação, o governo do Estado tem veiculado uma propaganda vergonhosa em canais de televisão pelo Paraná. Utilizando atores com discursos prontos, sem nenhum pensamento crítico sobre a educação e com o intuito de convencer a população de que a escola no Paraná é perfeita. O sentimento gerado em professores(as) nas escola da vida real é de indignação.
O governo, que gasta dinheiro público para veicular uma propaganda humilhante, tenta jogar a população paranaense contra professores(as) e funcionários(as) de escola. Como se isto não fosse absurdo por si só, ainda cria um cenário de escola sem problemas, com trabalhadores(as) que parecem felizes com ações que prejudicam o seu próprio trabalho e, pior, mentem que isso melhora a qualidade na educação.
Os(as) trabalhadores(as) da escola real têm, no entanto, histórias diferentes para contar sobre o dia a dia na escola e a forma como estão sendo afetados(as) com as ações do governo. Nenhum(a) educador(a) mostra felicidade com a diminuição da hora-atividade, pois isto não representa mais tempo em sala de aula. A diminuição da hora-atividade representa menos tempo para preparo de uma aula de qualidade, menos tempo para correção de provas e trabalho na escola, menos tempo para receber pais e mães e conversar sobre o desenvolvimento dos(as) estudantes, menos planejamento na escola e mais trabalho em casa, nos finais de semana. A diminuição da hora-atividade também representa uma opressão a um direito que, anteriormente, estes(as) trabalhadores(as) foram às ruas para conquistar. Um direito assegurado em acordo de greve, um compromisso com a educação que precisa ser ouvida de verdade.
O governo deveria estar disposto a sentar em uma mesa de negociação, ouvir o que professores(as) tem a dizer e, assim, concluir que sua propaganda está muito distante do que a escola está passando. A conversa de corredor que mais importa é a da escola, nisso a propaganda acertou, mas é justamente essa que o governo está tentando calar, incessantemente. Afinal, um cenário de escola perfeita é mais um dos corredores imaginários em que o governo se esconde, achando que a população está disposta a acreditar em tanta encenação.
Dizer que um professor não se vê no direito de reclamar do salário por causa da crise, é querer enfiar goela abaixo o discurso de que a educação está cansada de ouvir. Um governo que não paga data-base, que deixa os(as) trabalhadores(as) perderem salário real por causa da inflação, que não paga nem sequer o piso nacional para professores(as) e paga menos que o piso salarial regional para um(a) funcionário de escola, não tem base nenhuma para dizer que os(as) trabalhadores(as) devem ficar felizes com os salários que recebem. “Será que o governo acha que a população acredita em uma propaganda absurda como essa? Não é possível” questiona Luiz Fernando Rodrigues, secretário de comunicação da APP-Sindicato.
Pra finalizar o conjunto de mentiras que a propaganda conta, o governo diz que suas ações refletem na qualidade da educação. O governo só está se esquecendo de consultar quem realmente entende do que se passa em sala de aula para, então, dizer que as ações refletem na qualidade da educação. Mas, para isso, é preciso estar aberto para ouvir de quem sofre na pele como isto afeta a educação. Com certeza, não é da mesma maneira que o Estado está tentando vender para a população paranaense.
A APP-Sindicato, que tem o compromisso de denunciar os abusos e desrespeitos do governo contra os(as) trabalhadores(as) da educação, repudia uma propaganda com tantas mentiras e encenações.
O governo, que está disposto a gastar dinheiro público com mentiras, insiste em se esconder por trás discursos prontos e vergonhosos. Mas, na vida real, existe uma escola que precisa ser ouvida de verdade. E existe também um governo que está sendo investigado por desvios de recursos da educação na operação Quadro Negro, e com integrantes citados nas operações Publicano e Lava Jato.