Governo quer fechar escolas: Comunidade quer educação

Governo quer fechar escolas: Comunidade quer educação


A direção da APP, representantes de escola, diretores(as), funcionários(as), professores(as) e integrantes da comunidade escolar se reuniram hoje (15) com o  secretário da Educação, Paulo Afonso Schmidt, para discutir o fechamento de turmas e escolas do campo do Paraná. O fechamento está sendo anunciado pelo governo sem nenhum debate com a comunidade escolar e pegando a todos(as) de surpresa.

Durante a reunião, o secretário afirmou que a medida não leva em consideração apenas a questão de “números”, ou seja, a quantidade de alunos(as) que compõe as turmas que serão fechadas. “Garanto que a questão não é só numérica”, afirmou ele. No entanto, ao ser questionado quais outros critérios estão sendo utilizados, o número de alunos(as) acaba sendo o motivo principal nas justificativas do governo.

Uma das diretoras de escola presentes na reunião solicitou que um(a) representante da equipe pedagógica da Secretaria de Estado da Educação (Seed) desse um parecer dos fechamentos de instituições, a partir do ponto de vista pedagógico. A diretora do Departamento da Diversidade da Secretaria da Educação, Marli Peron, enquanto representante pedagógica, reforçou que é necessário olhar para o planejamento e para o conjunto de situações que a Seed está considerando para o fechamento das escolas. “Nesse momento não posso só olhar para o pedagógico. Preciso olhar para todo o planejamento”, disse ela.

No entanto, a diretora Claudia Monteiro, da Escola Estadual do Campo João de Santa, em Cambé- Núcleo Regional de Londrina, questionou o posicionamento do setor pedagógico, destacando que, mais uma vez, a justifica do fechamento das escolas se remete a uma questão numérica, mesmo que a Seed não diga isso claramente. “É visível que é uma questão numérica. Seja de alunos, seja de valores. O que eu sempre digo é que os alunos da escola do campo, sejam eles 10, 20, 30, 40, têm os mesmos direitos dos alunos que estão nas escolas urbanas, com mil, dois mil alunos”, destaca ela.

A diretora explica que a realidade dos(as) alunos(as) exige a existência da escola de campo. “Nós temos uma porcentagem imensa de alunos que moram nos arredores da escola. Nas fazendas e nos sítios. Esses alunos têm uma dificuldade de chegar até a escola do campo, que será muito maior se eles forem para a escola da cidade”, explica.

A professora Silvana Aparecida Rocha, da Escola Estadual do Campo Tancredo de Almeida Neves, da Comunidade Boa Esperança – Campo Mourão, conta a dificuldade que os alunos terão para chegar até a escola urbana, caso a escola de campo seja fechada. “A escola urbana fica há 23km da escola do campo que eles estudam. Uma das crianças mora há 15km da escola do campo. Isso totaliza 38km que essa criança teria que percorrer em um ônibus ruim em estradas piores ainda”, conta.

Durante a reunião, o secretário deixou claro que “Onde tem aluno, tem escola. Onde não tem aluno, não tem escola”. A professora Silvana contesta essa posição. “Nós temos demanda. O governo tem que cumprir com a sua palavra, porque lá tem aluno. Fechando o 6º ano, nos anos seguintes não teremos 6º e 7º. Sabe o que vai acontecer? Fechar a escola”, desabafa.

A professora destaca ainda  que a escola foi pega de surpresa na decisão da Seed de fechar a turma de 6º ano em 2015. “A gente ficou sabendo que não teria abertura do sexto ano a  partir da carta de matrícula de uma aluna. A carta já encaminhava ela para a escola urbana”, conta.

O presidente da APP, professor Hermes Leão, criticou a forma inesperada que as escolas são avisadas das decisões do governo. “Pedimos a existência de audiências públicas para que a escola tenha tempo de debater sobre as questões levantadas”. Hermes reforça a importância de haver tempo para discutir o assunto com a comunidade. “Esse elemento surpresa é muito ruim. Precisa haver mais planejamento”, destaca ele.

O secretário Paulo Afonso Schmidt se comprometeu a rever caso a caso das escolas de campo e analisar a real necessidade do fechamento dessas instituições. “Daremos a resposta de cada escola até amanhã à tarde”. Dessa forma, a Secretaria de Estado da Educação deve anunciar quais casos serão revistos e quais turmas serão reabertas na tarde desta terça-feira (16).

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