A nota divulgada pelo governo estadual não deixa dúvidas: Beto Richa (PSDB) diz que irá melhorar os índices da educação testando em 31 escolas públicas, da região de Ponta Grossa, um projeto de gestão escolar conduzido por uma empresa privada de extração de celulose, a Klabin. O acordo, firmado nesta semana, busca “melhorar os resultados no ensino (…) e elevar o valor do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb)”. Vale lembrar, que o Ideb é uma medição, em larga escala, para ranquear as escolas que mais aprovam estudantes.
A APP-Sindicato é contrária à proposta de gestão neoliberal da educação pública, adotada por governos como o de Richa, pois acredita que mercantilizar as relações de ensino e aprendizado é um dos elementos que consolidam a manipulação da população e a fortalecem os governos antidemocráticos. “Nós não podemos ver a educação nessa perspectiva. A escola é um ambiente com diferentes quadros sociais e econômicos, Se eu planificar todos eles e exigir resultados, eu estou omitindo as diferentes realidades. Com essa proposta do governo, deixamos de formar seres emancipados para formar algo que o mercado quer. Qual o interesse de uma empresa como a Klabin em investir em educação e formação de professores? É simplesmente o de formar trabalhadores que digam amém para o mercado!”, salienta a secretária Educacional da APP, professora Walkiria Olegário Mazeto.
Para um governo que mensura qualidade da educação exclusivamente pelo Ideb, não faz sentido discutir a qualidade educacional, a individualidade do(a) estudante, os direitos dos(as) trabalhadores(as) e também a evasão escolar – assuntos tão estudados e debatidos no ambiente sindical. “Nessa lógica mercadológica, quem não dá resultado tem que estar fora. É a volta do projeto Adote uma Escola. É uma forma de coisificar todos os(as) estudantes que estão lá dentro e também os(as) trabalhadores(as)”, alerta a secretária.
Outro agravante da proposta de parceria entre governo e o setor privado é que, a partir da implementação, entrarão menos recursos públicos para o governo. Pois quando a empresa investe alguns milhões nas escolas, o valor é deduzido no imposto de renda ou nas dívidas com o governo. O empresário nunca sairá no prejuízo. Assim, o governo deixa de arrecadar em troca de estreitar relações com o empresariado.
A orientação da APP-Sindicato para os trabalhadores e trabalhadoras da educação destas escolas que receberão o programa de gestão da Klabin é que já se organizem o debate pedagógico sobre o tema. “O projeto pode parecer muito lindo em um primeiro momento, mas é uma forma de terceirização da escola pública hoje para o setor privado. Se tiver dúvidas orientamos que o educador, educadora, pai, mãe ou responsável, procure a secretaria educacional da APP para obter orientações”, previne a professora Walkiria.