Imagine chegar em um posto de gasolina, completar o tanque e, na hora de sair, anunciar que não tem condições de pagar o total. Ao invés de pagar R$ 111,73, você irá, de bom coração, entregar R$ 11 reais para o dono do estabelecimento. Para um(a) trabalhador(a) comum, a situação seria impossível e, poderia virar caso de polícia. Mas, para o governo do Estado, se o carro estiver sendo conduzido pela governadora e seu secretariado, o veículo sairá andando e o prejuízo ficará com os(as) servidores(as)! |
A semana começou agitada no Palácio Iguaçu. Logo no início da manhã os(as) representantes do Fórum Estadual dos Servidores (FES) foram chamados, às pressas, para uma reunião com a governadora Cida Borghetti (PP).
Perto das 11 horas da manhã a governadora anunciou que o Estado enviará hoje (25) um projeto de lei propondo um reajuste de 1% para os(as) servidores(as) do Executivo. O secretário de Estado da Fazenda, José Luiz Bovo, confirmou o valor e, na tentativa de justificar o pagamento parcial da data-base, reforçou que falta dinheiro e sobra preocupação com a Lei de Responsabilidade Fiscal.
O economista Cid Coordeiro, argumentou novamente, demonstrando com números da própria SEFA, que dinheiro há e que, se o Estado pagasse o acumulado dos últimos 12 meses (2,76%), ficaria ainda longe de esbarrar nos limites jurídicos e fiscais da Lei.
Há dinheiro, há condições legais, mas as amarras políticas dos partidos do ex-governador Beto Richa (PSDB) e da governadora Cida Borghetti (PP) estão tirando, mensalmente, parte do salário de milhares de professores(as) e funcionários(as) de escola.
“Saimos de zero para um valor pequeno. O mais simbólico é o descongelamento da data-base, temos batido muito na situação dos aposentados: são 30 mil profissionais que não têm promoção, progressão ou quaisquer outras possibilidades de reajuste” argumenta a coordenadora do FES, professora Marlei Fernandes de Carvalho
A governadora anunciou que o projeto dos(as) servidores dos demais poderes voltará para votação. Para eles(as) – que não sofreram o calote no governo Richa – o reajuste será de 2,76%. Junto com o reajuste de 1% conta também a implementação da gratificação do TIDE para os(as) professores(as) universitários(as), a regularização da carreira dos(as) praças da Política Militar e a promoção dos(as) funcionários(as) das Apaes.
“Não saímos daqui até vocês explicarem matematicamente porque o reajuste não é possível ” – foi com esta frase que o FES iniciou um ato de resistência dentro do Palácio Iguaçu. Os(as) representantes dos servidores e servidoras do Poder Executivo decidiram que permaneceriam na sala de reuniões até conseguirem uma conversa com os técnicos da Secretaria da Fazenda, responsáveis pela afirmação de que na há condições financeira do pagamento da data-base.
O líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Pedro Lupion, e o secretário do Trabalho, Paulo Rossi, chegaram, por volta das 14 horas, para dialogar os(as) servidores(as) e a discussão foi levada à exaustão. “Reconhecemos que, nos últimos dois anos, não havia se quer uma mesa de negociação aberta. A governadora vai enviar uma proposta de 1%, nós vamos provar, publicamente, que há condição financeira e o desgaste com esse governo vai aumentar”, evidencia Marlei.
Enquanto a reunião acontecia no Palácio, no Plenário da Alep o deputado estadual Professor Lemos defendeu, na tribuna: “Essa é uma decisão política e inadmissível. Temos direito, pela Constituição e pela lei estadual da data-base da reposição da inflação referente aos últimos 12 meses e vamos lutar por isso. O que estão fazendo é tirar dinheiro dos servidores para fazer caixa de campanha, isso é uma imoralidade sem tamanho”.
A mensagem irá para a Alep com a proposta de 1%, informou, por volta das 15h20, o secretário Rossi. “O governo também avaliará a isonomia do reajuste para os demais Poderes porque entendemos que eles também devem receber o 1% de reajuste. Agora é uma questão do Executivo. Os técnicos não virão aqui, mas a equipe técnica irá entrar em contato com vocês ainda hoje. Esse debate será lá com eles”, informou o secretário.
Mesmo sem almoço, sem água e com os nervos à flor da pele diante de tanta espera e tensão, os(as) coordenadores(as) do FES decidiram que permanecerão na sala de reuniões do Palácio Iguaçu até que representantes da Sefa os recebam.
A mensagem de lei com a proposta de 1% segue na Alep. Amanhã(26) é dia de mobilização dos servidores(as) na Assembleia Legislativa.