Ao invés de participar pessoalmente da mesa de negociação com a entidade que representa a educação pública do Paraná, o governador Beto Richa (PSDB) prefere acusar a APP, a CUT e o PT de estarem promovendo as ocupações de escolas. Essa afirmação de grave distorção para um governador eleito pelo voto popular, expõe mais uma vez o viés autoritário que se aprofundou neste atual governo a partir de sua reeleição em outubro de 2014. Desde aquele período tanto o governador como lideranças que o apoiam passaram a insistir na tese de partidarizar o debate sindical no estado. Até então em seu primeiro mandato cujo mote principal era GOVERNO DE DIÁLOGO E RESPEITO, o governador recebeu mais de uma vez a direção da APP e outras entidades representativas dos trabalhadores do estado. Aliás, na greve da educação em 2014 participou pessoalmente da mesa de negociação da pauta e foi decisivo no avanço de superação de impasses, inclusive do item sobre a ampliação da jornada de hora-atividade das/os professoras/es.
Em palestra em Guarapuava o governador, qual disco furado voltou com as mesmas frases feitas e de forma autoritária e distorcida fez as seguintes afirmações:
- “os estudantes nem sabem o que estão protestando”: a pauta é muito clara senhor governador, o principal ponto é a reforma do ensino médio por medida provisória, que ataca o direito das/os estudantes brasileiras/os. Some-se a isso o descontentamento com a falta de valorização da educação no Paraná e ainda o tema da corrupção e da merenda escolar que foi motivo das primeiras ocupações realizadas em Maringá no primeiro semestre deste ano. Me lembro quando o governador expôs de forma desastrosa a própria esposa. Em entrevista ao blog de Fernando Rodrigues, acusou a Secretária Fernanda Richa, de não ser corrupta por ter nascido em “berço bom”, não estudou que as camadas mais pobres são as mais corretas e honestas e que quanto mais ricas mais corruptas são as pessoas, e ao acusar a cônjuge de não saber o que é receita estadual, se auto acusou de fraude com o povo paranaense. Como pode um governador nomear uma mulher assim como ele descreve, ignorante, para lidar com secretarias de governo que trabalha com orçamento tão alto?
- “uma verdadeira doutrinação”: o governador deveria estudar o tema para chegar à surpreendente conclusão que o seu governo é que vem promovendo a chamada doutrinação ao bater regularmente na tecla de acusar a CUT, PT, APP das mazelas do estado, isso sim é partidarizar, doutrinar. Como se as acusações que levaram ao desgaste petista e ao golpe brasileiro (que Beto Richa apoia), não estivessem presentes em seu partido. Um governo sem legitimidade para as críticas que vem fazendo.
- “pais e mães cuidem de seus filhos nas escolas”: bem se vê que o universo escolar não faz parte do conhecimento do atual governador do estado. Nós educadores/as há décadas vimos construindo insistentemente a participação familiar nas escolas. Todas as mobilizações que a categoria propõe são comunicadas aos pais, mães, responsáveis por estudantes e contam com sua participação. Todos os nossos debates são públicos e ampla maiorias de familiares apoiaram as greves e apoiam a luta em defesa da escola pública.
Na última quinta-feira (06), a direção da APP se reuniu com representantes do governo do Paraná. Estiveram presentes, a Secretária de Educação Ana Seres, o Chefe da Casa Civil Valdir Rossoni e o Secretario de Comunicação, Márcio Villela. Debatemos os principais itens da pauta no esforço de que o governo reveja suas posições de retirada de direitos das/os servidoras/es e assim possa evitar nova greve no estado. Sobre a MP da reforma do ensino médio, insistimos que o governo do Paraná se posicione claramente contra a mesma, essa é a posição que a APP e as entidades do movimento estudantil defendem. Concluímos a reunião solicitando que a equipe reivindique a presença do governador na mesa de negociação para superação dos impasses. Tudo que a educação mais deseja são condições de trabalho e valorização para seguir o importante papel de garantir conhecimento às gerações jovens do nosso estado.
Hermes Silva Leão, presidente da APP-Sindicato