A mobilização dos educadores e educadoras foi essencial para o pagamento dos salários dos PSS nesta quinta-feira (08). O governo, que está em dívida com servidores e servidoras públicas, que penalizou a população paranaense com aumento de impostos, que prejudicou os(as) aposentados(as) aprovando o retorno da contribuição previdenciária, demonstrou mais uma vez sua prática de desrespeito com os(as) servidores(as) paranaenses.
O pagamento dos salários dos(as) contratados(as) temporários(as) – PSS deveria ter sido realizado no dia 30 de dezembro, junto com os(as) demais professores(as) e funcionários(as) efetivos do Estado. No entanto, em um ato de discriminação e descaso, o governo surpreendeu esse segmento da categoria com o não pagamento. Isso, justamente, em um período de festas, férias e maiores gastos do ano.
No dia 31 de dezembro a APP entrou com um pedido de liminar no Tribunal de Justiça do Estado para que o governo efetuasse imediatamente o pagamento dos salários. O pedido foi negado pela juíza substituta em segundo grau, Cristiane Santos Leite. Em sua justificativa, a juíza declara que o argumento jurídico da APP de que o pagamento dos(as) servidores(as) estaduais deve ser efetuado até o último dia do mês, é relevante. No entanto, afirmou que, havendo atraso, é necessário fazer a correção monetária dos valores.
No dia 01 de janeiro, a direção da APP, juntamente com servidores(as) públicos da educação e de outros setores do funcionalismo, estavam mobilizados durante a posse do governador Beto Richa, em um ato público. Os trabalhadores e trabalhadoras exigiam o recebimento dos seus salários, mas não foram atendidos pelo governador reeleito do Estado. Richa disse, entre outras coisas, que o ato foi uma ação política da APP e não deu importância para o atraso dos pagamentos dos salários. O presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Silva Leão, esclareceu que o ato era em prol dos(as) educadores(as) que estavam sem salários e foi organizado por causa do desrespeito do próprio governador. “Ao invés de dialogar de forma democrática com os manifestantes, o governador preferiu atacar a entidade sindical com declarações que não são verdadeiras. Inclusive, afirmou que a APP recebe verba do governo federal. No entanto, ele mesmo sabe que a entidade é construída com o apoio coletivo da categoria e contribuição financeira dos sindicalizados e sindicalizadas. O ato foi organizado no dia anterior por conta da indignação coletiva dos educadores. Não estava prevista nenhuma manifestação na posse deste governo”.
Os(as) trabalhadores(as) foram surpreendidos, mais uma vez, pelo descaso do governador, visto que as famílias dos PSS esperavam o dinheiro para pagar as contas que chegam no fim do mês e para aproveitar o período de férias com seus familiares.
A partir disso, educadores e educadoras de todo Estado sofreram com a angústia de não ter recebido seus salários de dezembro. Muitos deles(as) gravaram mensagens relatando a difícil situação que estavam passando. Para a professora PSS e dirigente sindical, Débora Fait, o período em que os salários foram atrasados deixaram a situação ainda mais complicada. “É inadmissível o atraso dos salários dos PSS. Foi constrangedor colocar parte da categoria sem dinheiro nas férias, festas e viagens”.
O professor PSS, Ricardo Wuicik, que atuou no Colégio Estadual Benedito João Cordeiro, demonstra sua indignação diante da falta do pagamento de dezembro. “Estamos reivindicando os nossos salários, pois, ao que tudo indicava, nós receberíamos no final do mês. Isso causa indignação, a gente se sente humilhado”.
A intérprete de libras do Instituto de Educação do Paraná, Ariane Ferreira Machado, participou de todos os atos de mobilização. “Espero que o governador repense suas atitudes. Somos pais e mães e nossos filhos tiveram seu direito a uma ceia de ano novo negado”.
Maria do Rosário dos Santos, professora PSS que atuou no Colégio Estadual Nirlei Medeiros, se sente indignada com a prática do governo. “Espero que não se repita essa atitude de descaso com os servidores do Estado. O governador deve repensar esse método e praticar o estado de respeito de que tanto fala”.
No dia 06 de dezembro o Núcleo Sindical Curitiba Sul, em reunião com a direção da APP e servidores(a), deliberou um ato público para conversar com a população e falar sobre a situação da educação no Estado. Além disso, organizaram um bazar solidário para dialogar com as pessoas, relatar o sofrimento dos(as) trabalhadores(as) e arrecadar fundos para ajudar, mesmo que de maneira simbólica, as famílias que estavam em situação mais crítica sem o recebimento dos salários. O ato foi quarta-feira (07) na Boca Maldita, em Curitiba.
Hoje (08) a manifestação foi na Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa) para pressionar o governo a pagar os salários atrasados. Pela manhã, uma comissão de educadores(as) se reuniu com a chefe de gabinete, Keli Reis, que se comprometeu a falar com o secretário Mauro Ricardo Costa e dar um retorno sobre a garantia do pagamento. A realização dos pagamentos só foi confirmada no fim da tarde pelo contato da chefe de gabinete. Ao mesmo tempo, o deputado estadual, Professor Lemos, que também participava da manifestação, recebeu a informação da encarregada da folha de pagamento da Seed de que o pagamento seria realizado ainda hoje.
A APP-Sindicato manteve as mobilizações durante todos estes dias e declara ser um absurdo o governo desconsiderar a necessidade de cada família que foi afetada com este atraso de pagamento. É inadmissível que os trabalhadores e trabalhadoras sejam prejudicados com a falta de organização e descontrole do dinheiro público do Estado. O Paraná é um dos estados de maior arrecadação do país e, mesmo assim, se encontra em situação crítica de não pagamento de servidores(as), falta de repasse de verba para subsídio de transporte coletivo, falta de pagamento aos prestadores de serviços do SAS, aumento de impostos e outras ações que o governo está tomando que também prejudicam a população.
A educação de qualidade é um direito social, não é brincadeira. O educador e a educadora que a promovem no dia a dia merecerem respeito. A APP-Sindicato continua na luta para que este governo se comprometa com a dignidade e importância que a Educação Pública merece.