Gostar do que faz: realidade de mais de 90% dos(as) educadores(as) paranaenses

Gostar do que faz: realidade de mais de 90% dos(as) educadores(as) paranaenses


Enquanto contava sobre o amor que sente ao entrar em uma sala de aula, a professora Simone Moraes se emocionou. As palavras de carinho e gratidão pela sua profissão são contagiantes e, certamente, motivam e incentivam muito seus alunos e colegas de trabalho.

Simone tem 42 anos e há 20 é educadora. Ela iniciou seu trabalho na educação como funcionária de escola e, desde então, se apaixonou por esse universo. Há quase uma década é professora e não esconde seu carinho pelo magistério. “Eu amo ser professora. Amo. Muitas pessoas me dizem que falo isso porque sou novinha na profissão, mas estou há quase 10 anos lecionando e amo estar em sala de aula. Não estou indo para a escola para apenas ser professora, e sim para aprender”.

Simone explica que o universo da escola a faz sentir como sendo parte do cotidiano de seus alunos. “Uma das coisas que mais me cativou em ser professora é parecer que nunca vou deixar de ser jovem. Isso porque, ao mesmo tempo em que você vai amadurecendo e crescendo em seu conhecimento, você também está vivenciando aquela geração de alunos. Os estudantes acreditam muito no que os professores dizem, eles acreditam muito na escola.”

A professora Simone, assim como a maioria da categoria, é um exemplo real de pessoas que amam e escolheram ser professores. De acordo com um dado apontado pelo Instituto Pesquisas de Opinião (IPO), em pesquisa realizada em agosto de 2015, os(as) educadores(as) paranaenses têm um estímulo muito grande para continuar trabalhando nas escolas do Estado: mais de 92% da categoria gosta muito do que faz.

Esse dado é importantíssimo para entender a realidade desses educadores(as), já que atuam em escolas que enfrentam graves problemas de estrutura, mas que possuem profissionais que amam o trabalho que fazem e superam as dificuldades.

Ainda nessa pesquisa, os(as) próprios(as) educadores(as) fazem avaliações positivas e negativas sobre a escola onde trabalham. De um modo geral, mais de 31% dos(as) entrevistados(as) classificaram a escola com uma condição estrutural regular. Além disso, 16% indicam que é ruim e 11% classificam como péssima. Apesar de a maioria indicar que a estrutura da escola – com relação direta no exercício de sua profissão – não passa de uma avaliação mediana, mais de 90% declaram amar e se dedicar ao que faz.

Simone destaca que o respeito de seus colegas e alunos é algo que a motiva diariamente e que a faz superar as dificuldades. Ela diz que é um trabalho diário construir uma relação de confiança e respeito e que isso é um desafio para todos os professores.

Ao relatar uma história marcante em sua carreira, a professora se emocionou. Para ela, o crescimento e a evolução de seus alunos são essenciais. “Você não pode estar em sala de aula alheia a qualquer situação. É preciso estar observando o que está acontecendo. Não expor, mas observar. Às vezes você percebe que o aluno está de cabeça baixa, que está acontecendo alguma coisa… É importante mostrar que você se importa, mas sem expor o aluno. O aluno acaba respeitando ainda mais o professor, não quer decepcioná-lo. Vivemos uma experiência de troca.”

A professora conta que, certa vez, propôs para sua turma, na disciplina de Artes, fazer uma leitura dramática de um texto. A turma recebeu muito bem o desafio e foram logo colocar mãos à obra. No entanto, uma aluna nunca fazia nenhuma atividade prática, não falava em público, não lia e não participava. Simone decidiu incentivar a aluna e mostrar que ela era capaz de participar sim.

Depois de muito incentivo, de atenção e respeito, a aluna fez a leitura e se saiu muito bem. Mas o que chamou a atenção da professora foi o tamanho do envolvimento que a turma como um todo teve com aquela situação. “Foi uma união tão grande da sala com a aluna, que aquilo se tornou algo imensamente gratificante para mim”, disse emocionada. No fim da atividade, Simone foi presenteada com a empolgação da aluna e o compromisso de sempre se envolver em atividades como aquela. “O vínculo que eu tenho com meus alunos é algo extremamente importante. É você chegar na sala de aula, acreditar que aquela pessoa que está ali está buscando o conhecimento. Além de mostrar pra ela que você acredita nela e no que ela está fazendo. Quando eles notam que o professor acredita neles, que eles são capazes, que o professor os compreende e se importa com eles, é quando você começa a ganhar seus estudantes”, declara.

MENU