Ao falar da Bolívia, para muitas pessoas vêm logo duas imagens: um enorme lago e mulheres vestidas de saias rodadas com chapéus coco. Mas o país é muito mais que o Lago Titicaca e as “cholas” ou os problemas enfrentados com a altitude para quem chega à capital La Paz (3.625 m). Havia na região, civilizações originárias, com os Tiwanakus, que datavam, aproximadamente, 1.000 a.C. que, juntas, deram origem ao Império Inca e, mais tarde, quando da colonização espanhola, a região denominada Alto Peru, foi a primeira a se tornar independente com a luta de Simón Bolívar, por isso o nome Bolívia.
Nossa vizinha, outrora, já foi muito maior e com saída para o Oceano Pacífico, porém perdeu parte do seu território para o Chile, Paraguai e Brasil. A Bolívia é um dos países hispânicos que mais preserva suas origens culturais e religiosas, assim como seus idiomas. Além do espanhol, mais três são considerados oficiais: o quíchua, e aimará e o guarani. Possui escritores (as) reconhecidos mundialmente como: Adolfo Cárdenas, Víctor Montoya, Juan de Recacoechea, Homero Carvalho, Ramón Rocha Monroy, Cé Mendizábal, Wolfango Montes, Gonzalo Lema, Giovanna Rivero, Edmundo Paz Soldán, Elsa Paredes de Salazar, Ana Rosa Tornero, Gabriel Renê Moreno e Juan Walparrimachi, o Poeta Soldado, dentre outros.
A escritora Giovanna Rivero estampa nossa agenda de 2023, em fevereiro. Mas, quem é essa mulher?
Sobre a escritora:
Considerada uma das principais vozes da literatura moderna da América Latina, Giovanna Rivero nasceu em Montero (1972). É doutora em literatura hispano-americana pela Universidade da Flórida, professora de semiótica e jornalismo por muitos anos na Universidade Privada de Santa Cruz de la Sierra. Participou do Iowa Writing Program (2004) e recebeu a bolsa Fulbright (2007). Recebeu importantes prêmios por suas obras, dentre eles: Prêmio Nacional de Contos Franz Tamayo (2005) e o Prêmio Internacional de Contos Cosecha Eñe (2015). Em 2011, a Feira Internacional do Livro de Guadalajara colocou Rivero na lista dos “25 Segredos Literários Mais Bem Guardados da América Latina”. Atualmente, a escritora vive nos Estados Unidos, na Flórida.
A autora escreve romances, novelas, contos e obras infanto-juvenis, além de colaborar com jornais e revistas de diversos países e lecionar sobre escrita criativa.
Seus textos, com personagens fortes e intensos, transitam entre o gótico e o realismo-fantástico. Ela usa a imaginação, até com um toque que lembra os contos de fadas, para falar sobre histórias terríveis – ou seriam terrivelmente fantásticas? O ponto central de suas narrativas são o corpo físico, a terra e as sensações. Permeadas pela sinestesia, discorrem sobre paixões, dores, velhice e vícios com contornos quase aterrorizantes. Transita entre culturas com personagens atópicos (fora do seu local, deslocados), tanto nos romances quanto nos contos e também nos textos para o público juvenil. Giovanna tem uma escrita que perpassa pelo Realismo-Fantástico e, resguardadas as devidas proporções, nos trazem à lembrança autores brasileiros como Murilo Rubião e Guimarães Rosa.
PRINCIPAIS OBRAS:
• Las bestias (1997)
• Las camaleonas (2001)
• Contraluna (2005)
• La dueña de nuestros sueños (2005)
• Sangre dulce (2006)
• Tukzon (2008)
• Niñas y detectives (2009)
• Helena 2022 (2011)
• 98 segundos sin sombra (2014)
• Lo más oscuro del bosque (2015)
• Para comerte mejor (2015)
• Tierra fresca de su tumba (2020)
Este último, traduzido para o português (2021) como Terra fresca de sua tumba, traz para o leitor seis contos que, com enredos distintos, tratam de uma temática central: a morte. Não só uma morte física, mas também as outras mortes a que estamos sujeitos no decorrer de nossa trajetória: a espiritual, a amorosa, a familiar, a da esperança, dos sonhos. A autora, parte de situações cotidianas para se aprofundar em nossos medos e angústias; discutindo traumas e fantasmas atemporais que podem morrer ou então renascer. As histórias encantam e surpreendem, não só pelos enredos, mas também pela plasticidade e riqueza de detalhes que Giovanna apresenta ao leitor, sobretudo sobre a cultura e a paisagem bolivianas.
Chama especial atenção o conto A Mansidão onde temos uma família tradicional de menonitas que precisa desertar da colônia onde vivem, pois vê suas vidas transformadas pela “vergonha” de terem, Elise, a filha mais velha grávida fora do matrimônio. Mas, essa não foi uma gravidez desejada. Foi um estupro. Além dela, outras meninas menonitas também foram vítimas do Irmão Klassen. Porém, numa sociedade extremamente arcaica e machista, Elise não é vítima, é culpada e terá que carregar o fruto de seu crime. Ela aceita sua sina e não espera nenhum tipo de reação de seu pai diante do abuso, mas, quando ela menos espera, a vingança vem de forma mansa e a Pachamama recebe um presente inusitado. Essa leitura é intensa e deixa o leitor incrédulo a cada novo parágrafo, não vendo a hora do desfecho, pois: Os homens teriam se levantado cheios de coragem e com uma fome de lobo, e as mulheres, pior ainda, essas sim. Gasolina, querosene, álcool, paus, dinamites, pedras, o que quer que fosse, elas teriam pegado para fazer justiça. (p. 82)
RIVERO, Giovanna. Terra fresca de sua tumba. São Paulo: Incompleta, Jandaíra. 2021.
DICAS PARA TRABALHO EM SALA DE AULA:
As riquezas de mais esse país vizinho podem ser trabalhadas em várias disciplinas da Base Comum. Listamos abaixo algumas sugestões que podem enriquecer o trabalho em sala de aula.
>> História
A riqueza da Civilização Inca tem raízes na cultura tiwanaku. Mas, quem eram eles e qual legado deixaram? Um dos maiores sítios arqueológicos da América do Sul foi construído por eles. Clique aqui e saiba mais sobre esta civilização.
>> Geografia
Lago Titicaca – 3 821 metros acima do nível do mar; é um verdadeiro paraíso aquático. Atrai pela beleza e cultura local.
É um dos maiores lagos comercialmente navegáveis do mundo. É também o maior lago da América do Sul por volume de água.
– Área: 58.000 km²;
– Altitude : 3.812 m;
– Comprimento: 190 km;
– Largura: 80 km;
– Profundidade máxima: 284 m.
Saiba mais clicando aqui.
>> Educação Física / Biologia / Ciências
A altitude de La Paz é responsável pelo Mal do Soroche. Mas, o que acontece com nosso organismo quando estamos nas alturas?
Saiba mais clicando AQUI ou AQUI.
>> Química / História
Lítio (Li) – Elemento químico que pertence ao grupo 1 dos elementos alcalinos na tabela periódica.
A maior riqueza de lítio (potência energética) no mundo localiza-se na Bolívia.
São mais de três décadas de esforços bolivianos para explorar o lítio. É a luta do povo de Potosí, principal região de atividade minerária – desde a época colonial – para melhorar a qualidade de vida de seus habitantes.
Clique aqui para saber mais.
>> Português / Espanhol
Seguindo a linha dos poetas românticos brasileiros, a sugestão é trabalhar com a vida e obra de Juan Wallparrimachi, o “poeta soldado”, que só escrevia em quíchua. Mais detalhes, clique aqui.
>> Artes
Os ritmos mais conhecidos na Bolívia como Morenada, Caporales, Diablada, Llhamerada, Taquirari, Carnavalito, Chacarera, Cuenca, Tobas, etc. A música típica boliviana é muito diversificada e utiliza instrumentos como Zamponhas, Charango, Quenas e Bumbos, acompanhada de violão, bateria e outros. Saiba mais clicando aqui.
DICAS DE FILMES:
Clique aqui e aproveite a seleção indicada de filmes bolivianos.
DICAS DE MÚSICOS E BANDAS:
Veja aqui um roteiro das músicas mais tocadas na Bolívia.
Para quem gosta de rock, clique aqui.
IMAGENS DA BOLÍVIA / FOTOS CLÁUDIA GRUBER: