Estudantes do Centro Estadual de Educação Profissional Pedro Boaretto Neto (CEEP), de Cascavel, se recusam a assistir as aulas online ofertadas pela Unicesumar e exigem o fim do modelo remoto nos cursos técnicos.
Apoiado no Novo Ensino Médio, o governo Ratinho Jr trocou professores especializados em sala de aula por aulas terceirizadas e a distância, ministradas pela Unicesumar.
“Começamos a fazer um protesto e durante as aulas a distância não vamos ficar na sala de aula, vamos ficar no refeitório lendo e fazendo as atividades”, explica a estudante Luana Bueno em publicação no Instagram.
“Não é que a gente não quer estudar. É que não tem como. A gente não quer aula a distância. Já tivemos experiência de dois anos e saímos com um déficit de aprendizado muito grande”, afirma Luana, estudante do primeiro ano do curso técnico de Administração.
Denúncia
O Governo Ratinho decidiu proibir professores dos cursos técnicos de pegar aulas no início do ano, repassando-as para a Unicesumar, num contrato de R$ 38,4 milhões que mais uma vez beneficia os magnatas da educação privada e prejudica os estudantes.
A APP denuncia o processo de terceirização da educação do Paraná, que contraria os princípios de uma escola pública de qualidade e com autonomia administrativa. Na semana passada, o Núcleo Sindical de Cascavel enviou ofício ao presidente da Comissão de Educação da Câmara de Vereadores, Nildo Santello, solicitando audiência para tratar da questão.
No documento, a APP aponta problemas pedagógicos do novo modelo, como a concentração das aulas técnicas do curso de Desenvolvimento de Sistemas nas sextas-feiras.
“Qual adulto consegue ficar cinco horas assistindo vídeo-aula com atenção? Qual faculdade, mesmo que a distância, prevê uma forma de ensino tão ultrapassada? Como pode a equipe de técnicos da Seed e da Unicesumar acharem que daria certo com adolescentes de 14 anos?”, questiona.
Pé de guerra
Os estudantes do Ceep estão em pé de guerra e querem os(as) professores(as) de volta. “Tiraram os professores das aulas técnicas e colocaram uma televisão. O Ceep tem estrutura, tem professores no colégio para dar essas aulas. O governo tem que entender que a gente tem estrutura e não precisa dessas aulas online, pois temos professor no colégio”, reitera Luana.
“TV eu tenho em casa, venho na escola para ter professor”, diz uma das faixas de protesto publicadas nas redes sociais. “É errado o que a gente está fazendo? Não é errado, pois em nenhum momento o Estado fez uma pesquisa para saber o que os alunos achavam”, afirma Luana.
Os alunos do Ceep reclamam de que não foram informados de que o curso que fariam teria aulas à distância. “Imaginem a decepção que foi descobrir isso na hora. Saímos de outras cidades para ir estudar presencial e damos de cara com uma televisão transmitindo o ensino técnico”, diz um dos tweets publicados na conta criada para divulgar o movimento.
“Qual é a lógica de colocar um professor da Unicesumar para dar aula ao redor do Paraná, ao invés de dar mais oportunidades aos professores que já conhecem da área, já deram aulas técnicas antes?”, questiona outro tweet.
Com o modelo implantado pelo Governo Ratinho Jr, os estudantes têm em sala de aula apenas um monitor sem formação pedagógica, do qual é exigido apenas que tenha concluído o Ensino Médio. A função deles é apenas ligar o aparelho de TV e encaminhar dúvidas dos(as) alunos(as).
“Os monitores foram contratados para fazer algo que os próprios alunos podem fazer, eles não tem nem um ensino técnico, para ter uma noção do que estão fazendo. Quando ficamos com dúvidas não podemos tirar com eles, pois eles não vão conseguir ajudar”, diz um tweet do movimento de protesto.
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