Filme produzido por escola pública do Paraná será exibido em mostra internacional de cinema APP-Sindicato

Filme produzido por escola pública do Paraná será exibido em mostra internacional de cinema

Com obra produzida na disciplina de Arte, estudantes da periferia de Curitiba aprendem técnicas do cinema profissional para falar sobre bullying e sair da imposição das plataformas da Seed

Foto: Divulgação

Anabel é uma adolescente. Em seu primeiro dia na escola nova ela enfrenta situações de bullying. Para piorar, uma criatura misteriosa que parece ser vista apenas por ela perturba ainda mais o seu dia escolar. 

O enredo é do filme “De quem são os olhos”, uma das duas obras produzidas por estudantes de escolas públicas do Paraná que foram selecionadas para a mostra do 1º Festival Internacional de Cinema e Educação (EducAção). O evento acontece de 20 a 22 de setembro, na Cinemateca de Curitiba.

Durante os três dias de programação serão oferecidas palestras, mesas de debates com cineastas, professores(as) pesquisadores(as) e especialistas convidados(as), simpósio, oficinas gratuitas (vagas limitadas) e sessões com exibição de filmes.

“De quem são os olhos” é resultado de uma atividade extracurricular de alunos(as) do 8º e 9º ano da disciplina de Artes do Colégio Estadual Professora Maria Gai Grendel, localizado no Caximba, bairro da periferia de Curitiba. 

Segundo o professor da disciplina de Arte e responsável pelo trabalho, Willian Wilson Bedim, “o objetivo era dar aos alunos uma experiência real e a criação de algo concreto, que saísse das plataformas que têm inundado as funções dos professores e alunos”, e provocar a reflexão sobre o tema.

“A temática do filme veio do desejo dos alunos de produzir um filme de terror. Quando disse que faríamos o filme usando a escola como cenário, numa discussão conjunta chegamos à conclusão de que um dos “monstros” para um aluno é o bullying”, explica.

Registro dos estudantes ensaiando para gravar o filme – Foto: Divulgação

O audiovisual envolveu 21 estudantes que experimentaram todas as etapas de uma produção do cinema profissional, como roteiro, direção, câmera, cenário e edição. O trabalho também contou com o apoio de funcionários(as), da direção e da equipe pedagógica da escola.

“Utilizamos recursos principalmente trazidos ou produzidos por eles (estudantes) como ring light, câmera de celular, tecidos para a fantasia, as máscaras dos monstros. O que foi mais difícil foi o tempo para produção do filme, pois para conseguir produzi-lo foram necessários vários alunos de turmas diferentes e de horários em que eu não estivesse em aula para orientar”, relata o professor.

Para o docente, além do feito inédito de ter a obra selecionada para um festival internacional, outro ponto a ser destacado é que a proposta permitiu aos(às) alunos(as) refletirem como surgem situações onde ocorrem o bullying e como a vítima pode se sentir com relação a esse tipo de violência.

>> Confira neste link a programação completa e os formulários de inscrição nas oficinas e no simpósio do Festival EducAção

Exibição

“De quem são os olhos” tem duração de 14 minutos e será exibido no primeiro dia do festival (dia 20). A sessão está marcada para iniciar às 14h15, na Cinemateca de Curitiba. 

Com imagens em preto e branco e técnicas do cinema mudo, suspense e drama, a obra é uma homenagem ao expressionismo alemão, movimento cinematográfico que teve seu auge nos anos de 1920 e estabeleceu bases para gêneros do cinema moderno. Confira abaixo a versão enviada para o Festival.

Foto: Divulgação

Ao todo, 26 filmes compõem a mostra desta primeira edição do Festival Internacional de Cinema e Educação. A seleção conta com produções de instituições públicas e particulares de oito estados brasileiros, além dos países Canadá e Uruguai.

“Qual parte você não entendeu?” é a outra obra da rede pública paranaense que foi escolhida. O filme produzido por estudantes do Colégio Estadual Semíramis de Barros Braga, do município de Pinhais, mostra a sala de aula de matemática e como os(as) alunos(as) que não entendem nada se comportam.

De acordo com a organização, o Festival tem como objetivos estimular a produção e a circulação de obras audiovisuais produzidas em ambiente escolar e pretende ser um espaço de intercâmbio para profissionais e docentes que compartilham de ações do cinema e da educação.

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