Uma das únicas promessas que o governador Ratinho Junior está cumprindo é a de “fidelidade canina” a seu ex-patrão, o ex-governador Beto Richa. Assim como Richa fez, Ratinho quer alterar o regime de aposentadoria do funcionalismo e, antes disso, quer prorrogar o mandato dos(as) diretores(as) de escola.
Foi assim há exatos cinco anos. No dia 4 de novembro de 2014, a base aliada de Richa na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) usou o “tratoraço” para aprovar vários projetos, inclusive o que prorrogou o mandato dos(as) diretores(as). Naquela data, educadores(as) que protestavam pacificamente contra a medida foram violentamente agredidos(as).
Meses depois, Richa enviou um novo pacotaço e colocou o Paraná nas manchetes. O mundo inteiro ficou chocado com as cenas do massacre do Centro Cívico, a ação policial violenta autorizada pelo ex-governador e que deixou centenas de professores(as) e funcionários(as) de escola feridos(as).
Neste 4 de novembro de 2019, a história se repete. A prorrogação do mandato das direções é novamente pauta dos(as) deputados(as). Ratinho quer usar os(as) diretores(as) para tentar ampliar as pressões nos(as) educadores(as) e evitar novas manifestações contra o seu governo.
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O projeto tem grandes chances de ser aprovado, na base de chantagens. Parlamentares relatam que Ratinho faz igual a Richa ao usar também a chamada “velha política” para “comprar votos”. Em troca, o(a) deputado(a) que vota favorável a projeto que tira direitos dos(as) servidores(as) e precariza o serviço público recebe privilégios para fazer propaganda em suas bases eleitorais com a destinação de dinheiro público.
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Vai ter luta!
Seguindo a cartilha do governo Richa, Ratinho e sua equipe preparam um projeto de lei endurecendo ainda mais as regras de aposentadoria do funcionalismo estadual. De acordo com informações extra-oficiais, o texto pode ser enviado ainda este ano para votação.
A proposta seria nos moldes das que foram impostas por Bolsonaro e aprovada no Congresso Nacional, aumentando o valor de contribuição e do tempo de trabalho para ter direito a se aposentar e reduzindo o benefício, entre outras maldades.
A possibilidade desse ou de outros projetos dessa natureza entrarem em pauta na Alep foi um dos debates do Conselho Estadual da APP-Sindicato, realizado em Curitiba na última sexta-feira (1º). Para enfrentar e resistir, os(as) conselheiros(as) decidiram que, caso a agenda de novos ataques se confirme, a categoria será convocada em assembleia para entrar em greve.
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