Na manhã do último sábado(05), mulheres de diferentes movimentos sociais e feministas do Paraná realizaram um ato público na Rodoferroviária de Curitiba. O objetivo foi relembrar os oito anos do assassinato de Rachel Maria Lobo Genofre, de apenas 09 anos, que desapareceu após deixar a escola em que estudava no centro de Curitiba. Em 05 de novembro de 2008, o corpo da menina de 9 anos foi encontrado dentro de uma mala na rodoviária com muito sinais de violência – inclusive sexual – e estrangulamento. A família exige do Estado a resolução do caso e a criação de programas e políticas públicas de enfrentamento à violência de gênero.
De acordo com mãe de Rachel, Maria Cristina Lobo Oliveira, que também é integrante da direção do Sismuc, o inquérito sobre o caso da Rachel ainda está aberto e cerca de 60 suspeitos foram submetidos a exames de DNA, mas todos deram negativo. A família entrou com uma ação contra o estado, mas negou o pagamento de indenização por entender que tal medida, além de não amenizar a dor, não resolve e nem evita que novos crimes ocorram. Para Maria Cristina, o Estado deve ser responsabilizado, encontrar e punir o assassino e criar medidas para assegurar proteção às mulheres e crianças vítimas de violência. “Não há nada para proteger e orientar as crianças. O Estado lavou as mãos. Até hoje nada fez. Isso é muito revoltante. Mulheres e criança estão sendo vítimas de abusos e até sendo mortas de formas cruéis, terríveis e inaceitáveis”, enfatizou a mãe.
A tia da menina, Maria Carolina Lobo Oliveira, destacou que durantes todos esses anos muitas perguntas relacionadas à morte de Rachel ficaram sem respostas por conta dos muitos erros cometidos, à época, pela Polícia Militar do Paraná. “Queremos saber da PM do Paraná quem matou Rachel Genofre e porque o Estado não paga a indenização pelo crime com políticas públicas. Por que o governo não fortalece o banco de dados de DNA de quem comete violência contra mulheres e menina? Por que não pode indenizar a família e a sociedade paranaense, criando medidas de prevenção de violência contra mulher e crianças e meninas, criando campanhas de prevenção à violência, fortalecendo o Disk 100, promovendo debates com profissionais de saúde e educação?”, questiona.
Ela afirma que a ausência de políticas como essas contribue para perpetuar a violência contra mulher e meninas. A mãe e a tia de Rachel, que encontram nestes atos uma oportunidade para denunciar a violência contra mulheres e meninas, lembram que o assassino ainda está em liberdade. “O assassino da Rachel vai continuar praticando crimes. Tem um monstro solto por aí, junto com outros que cometeram crimes bárbaros que nos emocionou, comoveu, indignou e nos revoltou. Isso tem que ter um fim”, destacou Carol. Maria Cristina acrescentou: “Dá mais medo e mais pavor de continuar vivendo quando sabemos que esse culpado não está pagando pelo que fez”.
Rodoferroviária de Curitiba “Rachel Maria Lobo Oliveira Genofre” – Além de exigir maior agilidade do Estado na resolução deste crime e de outros casos semelhantes, como a morte de Tayná Adriane da Silva, de 14 anos, de Colombo, o movimento de mulheres e feministas também cobram o fim da impunidade, ampliação, implementação e criação de políticas públicas para redução do feminicídio (assassinato de mulher pela sua condição de sexo feminino), além de maior proteção às crianças no horário de entrada e saída escolar. A coordenadora de Mulheres do Sismuc, Maria Martins Santos, defendeu a importância da denúncia dos casos de violência. “Gostaria de chamar atenção da nossa base, que é majoritariamente feminina. Como professores da Educação Infantil, precisamos estar atentos às situações dessas crianças e denunciar todos os casos de violência que chegam até nós”, enfatizou Maria.
Outra medida solicitada ao poder público e que estava presente no ato é a mudança de nome da rodoferroviária, que passaria a ser denominada Rodoferroviária de Curitiba “Rachel Maria Lobo Oliveira Genofre”, tornando permanente a lembrança da menina Rachel e a luta contra a violência sofrida por mulheres e meninas no município.
Fonte: Sismuc (Andréa Rosendo)