Números obtidos com exclusividade pela APP-Sindicato revelam a quantidade surpreendente de denúncias registradas em seis meses de atividade da Operação Escola Segura. De acordo com as informações, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) recebeu 30.330 notificações de ameaças de ataques contra o ambiente escolar, desde abril deste ano.
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Os números equivalem a uma média de 165 denúncias por dia, 7 por hora. O maior volume foi registrado no mês de abril, com 28.889. Nos meses de maio a setembro, a quantidade foi menor e se manteve entre 158 e 338 (veja na arte). Até o dia 5 de deste mês, foram 8 registros. Segundo o MJSP, esses números contabilizam a soma de dados de todo o país. O órgão informou que não dispõe de detalhamento por estado e por tipo de mídia denunciada.
Deflagrada após o ataque ocorrido em uma creche de Blumenau (SC), que deixou quatro crianças mortas e cinco feridas, a Operação Escola Segura atua com ações preventivas e repressivas 24 horas por dia.
Os trabalhos envolvem profissionais do setor de inteligência do Ministério e das Polícias Civis e Polícia Militar, especialistas das delegacias de investigação de crimes cibernéticos e técnicos que monitoram intensamente todas as redes. Segundo o governo, a operação não tem data para acabar.
As denúncias podem ser feitas pelo serviço Disque 100, pelo WhatsApp, pelo número (61) 99611-0100, e também pelo canal criado na internet pelo MJSP em parceria com a SaferNet Brasil. As informações são mantidas sob sigilo e não há identificação do denunciante.
Balanço
Números divulgados no início do mês pelo Ministério da Justiça sobre a Operação apontam para 3.404 boletins de ocorrências e a um total de 2.844 casos em investigação. O trabalho resultou em 400 prisões e apreensões e 1.653 crianças e adolescentes e/ou suspeitos adultos conduzidos às forças policiais.
Desde quando a ação foi lançada, o monitoramento de plataformas digitais levou a 917 solicitações de preservação e/ou remoção de conteúdos em redes sociais, além de 412 solicitações de dados cadastrais nessas redes.
Luto e horror
Disseminadas e articuladas pela internet, ideologias extremistas também fizeram vítimas no Paraná. No dia 19 de junho, a tragédia acometeu a comunidade do Colégio Estadual Helena Kolody, em Cambé. Por volta das 9h, tiros disparados por um ex-aluno mataram dois estudantes em mais um ataque estimulado pelos discursos de ódio disseminados na internet sem lei.
Após entrar na escola para solicitar uma cópia do histórico escolar, o jovem de 21 anos foi ao banheiro, vestiu um sobretudo preto e uma camiseta branca com inscrição em língua russa. Os elementos fazem referência a grupos extremistas que disseminam suas ideologias no submundo da internet.
No retorno ao pátio, efetuou vários disparos com uma arma de fogo. Os tiros atingiram Karoline Verri Alves, de 17 anos, que morreu no local, e Luan Augusto, de 16 anos, que foi socorrido em estado grave, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital.
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