Estudo epidemiológico recomenda manter restrições e veta retorno às aulas presenciais em Curitiba APP-Sindicato

Estudo epidemiológico recomenda manter restrições e veta retorno às aulas presenciais em Curitiba

Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia lançam segunda Nota Técnica sobre a epidemia de Covid 19 na Capital

📷 Divulgação

Manter por mais 15 dias as restrições de  atividades e só retomar as aulas presenciais quando 70% da população estiverem vacinados. Essas são as principais recomendações da segunda Nota Técnica do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) sobre a epidemia de Covid19 em Curitiba. Os pesquisadores(as) aprimoraram o modelo computacional utilizado, que agora passa a considerar também as reinfecções pelo coronavírus. “As recomendações do não-retorno às aulas presenciais ou híbridas são mantidas”, registra a Nota, que atualiza para 35 a média de mortes diárias previstas pelo modelo para abril na Capital.

O modelo considera os dados epidemiológicos e taxas de vacinação da população de Curitiba até 3 de abril. Nesta segunda Nota Técnica, os cientistas utilizaram um modelo SEIRS (Susceptíveis–Expostos–Infectados–Recuperados e novamente Susceptíveis), em que se considera a mobilidade urbana para o cálculo do nível de isolamento social para toda a população de Curitiba. Na primeira Nota Técnica, os pesquisadores apontavam para o risco de a cidade ter 80 mortes diárias por Covid em março. A adoção da bandeira vermelha ajudou a reduzir o número de mortes diárias para a casa de 50. O modelo aponta que o número de óbitos diários em abril deve ser de 35, com picos de até 50.

O documento alerta que o retorno precoce às atividades sociais pode custar caro em termos de vidas humanas perdidas. “Dada a situação que se projeta para Curitiba, recomendamos manutenção das medidas restritivas por pelo menos mais 15 dias, devendo se aproximar de pelo menos 80% de redução da mobilidade urbana. A adoção de período insatisfatório para controle da pandemia representa um risco de novo aumento de casos e óbitos. Além disso, apontamos que o retorno das aulas presenciais ou híbridas deve ser pautado apenas após a vacinação de 70% de toda a população”, registra.

A Nota Técnica atribui diretamente aos gestores públicos a responsabilidade sobre aumentos de casos de Covid 19 caso as aulas presenciais sejam retomadas, “uma vez que já é reconhecido que um tal retorno em meio à transmissão comunitária não deve ser adotado”.

O modelo SEIRS demonstra que o isolamento social aplicado em Curitiba entre 13 de março e 4 de abril foi eficaz em minimizar a terceira onda de Covid 19 no município, mas não pôde contê-la por completo, dado que os níveis de isolamento social recomendados não foram atingidos, sendo em torno de 30-50% menor que o recomendado. Estima-se que mesmo não atingindo o patamar recomendado, o isolamento social implementado evitou pelo menos 1.500 mortes em Curitiba.

O relatório avalia que as medidas restritivas tiveram um resultado “animador” e devem ser mantidas. “Destacamos que mesmo o isolamento social não tendo atingido os níveis ideais, o isolamento empregado foi eficaz em minimizar a contaminação e evitar muitas centenas de mortes para Curitiba, embora não tenha atingido os níveis desejados de quedas de casos e óbitos”, avaliam os pesquisadores. “Devido às projeções de manutenção da onda de COVID-19 para Curitiba e aplicação de isolamento social em níveis muito inferiores aos recomendados, apontamos para a necessidade de manutenção de medidas restritivas, dada que a situação de Curitiba ainda é grave”, recomendam.

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