Nesta sexta-feira (15), a União Nacional dos(as) Estudantes (UNE), junto com entidades ligadas a educação realizarão uma mobilização nacional contra a execução do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano. O objetivo da manifestação é o adiamento da data por conta da pandemia causada pelo COVID-19 (coronavírus) e toda a movimentação será realizada por meio das redes sociais. A data é simbólica, pois marca um ano do movimento Tsunami da Educação realizado em 2019, a qual foi considerada uma das maiores mobilizações de rua no último ano.
Mesmo com uma grande perda de conteúdo causado pelo cancelamentos das aulas, o Ministério da Educação (MEC) abriu na última segunda-feira (11) as inscrições para o Enem. Segundo a Une, a decisão da pasta não considera as condições enfrentadas pelos estudantes, principalmente aqueles das redes públicas de ensino, durante a pandemia.
Em nota, a instituição destaca que a execução da prova só aumenta a desigualdade, já que favorece aqueles que estudam em instituições particulares. “Com todas as adversidades colocadas pela pandemia do Coronavírus, ficam cada vez mais latentes disparidades de condições de preparação entre os locais e camadas sociais no país. A maioria dos estudantes estão sem ter aulas em um ano tão importante, além de não ter condições mínimas de estudo em meio a quarentena, como acesso à internet, que ainda não é democratizado em nosso país, e local adequado em casa para estudo, além da falta de livros”, enfatiza a instituição.
A entidade estudantil propõe o adiamento das provas e a criação de um grupo de trabalho formado por entidades da educação, estudantes, professores, pesquisadores em educação e secretários de educação dos estados para discutir novas datas que levem em consideração condições de estudo mais adequadas.
O presidente da APP-Sindicato, Professor Hermes Leão, ressalta também que o Sindicato defende a suspensão do calendário, para que uma data adequada seja marcada junto com o retorno do calendário escolar. “Nós entendemos que a ampla maioria dos estudantes estão prejudicados neste momento pelo acesso ao conhecimento. Entendemos que manter este calendário do Enem irá aumentar as desigualdades a essa preparação da prova”, enfatiza o presidente.
O Senador paranaense Flávio Arns (Rede) também se posicionou favorável ao adiamento do Enem e usou as redes sociais para manifestar seu apoio. Para Arns, a realização do Enem no contexto atual pode colocar a sociedade diante de dois grandes problemas. “No campo da saúde, a exposição dos estudantes (e de todas as pessoas envolvidas na logística necessária para a aplicação do exame) ao risco de contágio pela Covid-19. No campo da educação, o notável prejuízo que grande parte dos alunos está tendo pela dificuldade de acesso e falta de condições adequadas para a aprendizagem dos conteúdos exigidos nas avaliações”, avalia.