Estudantes do Colégio Estadual Ivo Leão, em Curitiba, protestam contra possibilidade de militarização

Estudantes do Colégio Estadual Ivo Leão, em Curitiba, protestam contra possibilidade de militarização

Eles distribuíram panfletos no início dos turnos com informações sobre o modelo cívico-militar e exibiram cartazes criticando a medida

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Estudantes do Colégio Estadual Ivo Leão, em Curitiba, protestaram nesta terça-feira (24) contra a possibilidade de militarização da escola. Com a presença da UPES e do Núcleo Curitiba Sul da APP, eles(as) distribuíram panfletos nos inícios dos três turnos, com informações sobre o modelo cívico-militar e exibiram cartazes criticando a medida.

Os cartazes da atividade, organizada pelo Grêmio Movimento dos Leões, trouxeram mensagens como “Ivo Leão não é quartel”; “Seu filho e sua filha não são caso de polícia”; “Libertem nossas mentes, não nos restrinjam em hierarquias militares; e “A Escola é lugar de diálogo, não de intimidação policial nos corredores”.

O grêmio estudantil fez uma enquete interna e 90% dos estudantes votaram contra a militarização. O colégio tem 940 alunos e não há problemas com violência.

“Colocar policiais militares dentro da escola não é a resposta. Eles não têm preparo para estar dentro de um colégio”, afirma Thiago Martins do Vale, estudante e tesoureiro da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (Upes).

“A luta da Upes contra as escolas cívico-militares é para que a gente tenha uma educação ampla, onde os estudantes tenham direitos, possam se expressar e ser livres, se formar de fato, descobrir quem são”, diz Thiago. Segundo ele, nos colégios militarizados os(as) estudantes não têm acesso à cultura, o que impede sua formação e a expressão plena de suas capacidades.

“No colégio militar é usado o argumento de que querem estudante com caráter e disciplina, mas o que acontece é que os estudantes não têm direitos de fato, fora a questão do abuso sexual e psicológicos dentro desses colégios”, afirma Thiago.

Plural

A informação de que a Secretaria de Estado da Educação (Seed) tem uma lista de 25 colégios para converter em cívicos-militares foi publicada pelo portal Plural na semana passada. O Ivo Leão está nessa lista, que não foi confirmada pelo governo estadual.

O Paraná tem 200 colégios no modelo cívico-militar, que têm policiais militares aposentados atuando na gestão. O governo Ratinho Jr. (PSD) anunciou que pretende elevar esse número para 400 .

O Plural aponta que a lista das escolas a serem militarizadas inclui colégios centrais e com bom desempenho, o que contradiz o princípio anunciado pelo governo anteriormente de militarizar apenas escolas com desempenhos educacionais considerados insatisfatórios pela Seed.

O governo estadual é obrigado por lei a consultar a comunidade escolar para saber se quer a militarização. O governador Ratinho Jr já manifestou intenção de ampliar o programa de militarização de escolas, mesmo após decisão do governo federal de acabar com o programa nacional de colégios cívico-militares, iniciado por Jair Bolsonaro (PL). 

APP em alerta

A APP-Sindicato monitora os passos do governo e estará atenta para mobilizar as comunidades escolares contra a militarização.

Não há notícias de qualquer resultado positivo do modelo após dois anos de vigência em 206 escolas. Pelo contrário, até aqui as escolas cívico-militares notabilizaram-se por lamentáveis episódios de exclusão, assédio e violências contra menores. Trata-se de um modelo falido, ultrapassado e cuja única sustentação é ideológica.

A premissa de que escolas funcionam melhor com a presença de militares aposentados(as) desrespeita os(as) professores(as) e funcionários(as), como se não estes profissionais não fossem capazes de manter um ambiente seguro e adequado à aprendizagem sem interferência externa.

Militares aposentados(as) vivem de pensões maiores do que a aposentadoria dos(as) educadores(as) e, na escola cívico-militar, recebem uma gratificação de R$ 5,5 mil para organizar filas e fiscalizar o corte de cabelo de estudantes. A gratificação é maior do que o Piso dos(as) professores(as) e o suficiente para pagar o salário básico de cinco funcionários(as) Agentes I. Escola não é cabide de emprego.

Trata-se de um desvio de recursos que poderiam ser investidos na valorização profissional ou em obras e equipamentos para as escolas, mas acabam sustentando um projeto inútil e demagógico, que divide a rede estadual.

Lugar de militar é na rua, cuidando da segurança pública. Escola é para aprender e ensinar, com profissionais valorizados(as) e ensino de qualidade referenciado em práticas pedagógicas reconhecidamente efetivas.

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