Reclamações constantes surgem em relação à estrutura escolar na educação pública do Paraná. Quando a tão almejada tecnologia aparece para agilizar as atividades rotineiras nas salas de aula, outro entrave prevalece. A implantação do Registro de Classe Online (RCO), uma reivindicação da categoria, ainda não funciona corretamente nas escolas pela ausência de equipamentos e internet (redes Wi-Fi).
Após anos de solicitação da APP-Sindicato, a ferramenta adotada pela Secretaria de Estado da Educação (Seed/PR) visa facilitar a vida dos(as) educadores(as). No entanto, um efeito contrário ocorre. Afinal, a realidade nas escolas públicas compromete o sistema justamente por não possuírem estrutura compatível para comportar o uso do sistema online com praticidade e agilidade.
A substituição dos tradicionais livros de registro pelo RCO para armazenar desde a frequência dos(as) alunos(as), notas e outras atividades dos(as) professores(as) apresenta limitações funcionais. Cabe aqui a pergunta que não quer calar sobre o sucateamento dos equipamentos escolares: quais os reais motivos para a não atualização?
Segundo a secretária Educacional da APP, professora Walkiria Mazeto, para que funcione o RCO na maioria das escolas, os professores e professoras precisam utilizar tablet e celular pessoais para fazer as chamadas. “Como não tem Wi-Fi disponível nas salas, as direções das escolas se obrigaram a arrecadar recursos entre os próprios trabalhadores. Ou utilizam recursos da Associação de Pais, Mestres e Funcionários (APMF) para a manutenção da internet. É uma realidade inaceitável!”, enfatiza Walkiria.
Como adequar aos dias atuais computadores liberados com acesso à internet para as escolas estaduais na época da criação do programa Paraná Digital (PRD)?
Recordar é preciso. Entenda o que significa o PRD (software livre). É projeto de inclusão digital para atender a política de Estado das escolas públicas, incluindo as rurais, totalizando 2.100 instituições de ensino. O objetivo de instalar um laboratório de Informática com acesso à internet nas unidades. Na prática, o uso continuado dos laboratórios com ferramentas funcionais, disponibilizado por meios educacionais (computadores e internet) para melhorar a qualidade do ensino.
A verdade é que a tecnologia avança e precisa de adaptação para ganhar espaço nas salas de aula, mas os investimentos necessários não estão em sintonia nos dias de hoje. Os(as) professores(as) continuam sendo obrigados(as) a levar atividades para fazer em casa, mesmo tendo o tempo reduzido da hora-atividade para tais demandas – de acordo com a Resolução 113/2017 (Resolução da Maldade). A modernização ainda não consegue cumprir devidamente o seu papel no cenário da educação paranaense.
Na última semana, durante atividades no interior do Estado, o secretário de Comunicação da APP, Luiz Fernando Rodrigues, escutou depoimentos de educadores(as). “Visitei uma professora no feriado de Páscoa e ela havia deixado de fazer suas tarefas para tentar, em casa, registrar a chamada da semana dos estudantes. Isso é um absurdo! Além de não agilizar o trabalho da professora, ela precisa levar tarefas para a casa”, finalizou Luiz Fernando.
Um entre tantos casos relatados:
Professor Davi dos Santos, do Colégio Padre Antônio Vieira, de São José dos Pinhais (Região Metropolitana de Curitiba) – “O RCO é uma proposta boa. Elimina a questão dos livros e faz a somatória automática. O problema é que não tem estrutura de funcionamento e fica travando vários dias. Como nem todas as escolas possuem Wi-Fi impossibilita fazer a chamada em tempo real. Por isso, muitos professores estão levando para fazer em casa pela dificuldade do acesso. Nestas condições não conseguimos manter o diário em dia. Ainda está precário”.
O Sindicato insiste para que a estrutura possa ser disponibilizada tanto em aparelhos como na internet a todas as escolas da rede pública do Paraná. A busca é de melhorias à educação com qualidade de ensino e de vida aos(às) educadores(as).